Liberdade de Lula, garantia de direitos, revogação da “reforma” trabalhista e da emenda dos gastos públicos, empregos qualificados e manutenção da política de valorização do salário mínimo são algumas das reivindicações das centrais sindicais, que fizeram ato na manhã desta quarta-feira (18) em Curitiba, no acampamento instalado nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso desde o último dia 7.

Os sindicalistas reafirmaram a realização de um inédito 1º de Maio unificado, na capital paranaense, em solidariedade a Lula. Além disso, eles estão apresentando suas reivindicações básicas para os candidatos à Presidência da República. Com isso, em certa medida retomam o movimento de 2010, quando divulgaram uma “agenda” da classe trabalhadora. (Confira documento das entidades ao final do texto.)

Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, são projetos de país que estão em jogo: “Desenvolvimento com distribuição de renda ou jogar fora a soberania nacional”. Ele afirmou que a prisão do petista se relaciona com a disputa eleitoral. “Se o Lula não fosse candidato a presidente, ele não estava preso.” Vagner lembrou que nem todos os sindicalistas são eleitores de Lula, mas estão unidos por esse projeto nacional.

“O Brasil hoje não é uma democracia”, disse o presidente da CUT. “As liberdades democráticas, as liberdades individuais, foram canceladas”, acrescentou. “Eu não elegi o (Sérgio) Moro, eu não elegi nenhum juiz, elegi o Lula e a Dilma, e eles tiraram isso. Não pensem que nós vamos esmorecer.”

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, destacou as várias ações unitárias que as centrais vêm realizando, com foco nas questões que têm convergência entre as entidades. “O companheiro Lula foi capaz de unificar os trabalhadores, unificar a sociedade, inclusive quando estava era presidente da República”, afirmou, enfatizando políticas de distribuição de renda e redução da desigualdade.

“Uma parte da sociedade quer a manutenção dos privilégios, e os trabalhadores querem aumentar a sua participação, sua organização”, disse Juruna, que apresentou uma lista de reivindicações em comum feitas pelas centrais. “A principal vitória que queremos é Lula livre.”

Também para o secretário-geral da UGT, Francisco Canindé Pegado, a prisão de Lula foi “arbitrária” e representou “um ataque frontal e direto” ao Estado de direito. “Tirar o direito de Lula de fazer a disputa nas urnas é um golpe. Se querem fazer alterações, se querem pegar, se querem prender, mediante a legislação que está aí, que se faça a reforma do Judiciário. Mas que não se faça apenas para pegar o ex-presidente Lula. o que nós defendemos são direitos iguais, e que todo o cidadão possa se defender quando é acusado.”

O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, acrescentou que o juiz Sérgio Moro “adequou” o julgamento de Lula ao calendário eleitoral. E que essa perseguição ao petista representa algo mais amplo, um ataque maior à democracia e aos trabalhadores. “Por isso devemos saudar essa unidade por um 1º de Maio histórico.”

Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, a crise se agrava “diante da imprevisibilidade política, e da agressão e ruptura democrática, que tem como objetivo pôr fim a um ciclo importante de mudanças”, um período que ele identifica, principalmente, no governo Lula, mas também na gestão Dilma. “Num curto espaço de tempo, esse consórcio conservador agiu para pôr fim a um mandato constitucional de uma presidenta legitimamente reeleita pelo voto popular. Não bastasse tomar de assalto o mandato da Presidência, os objetivos estão se desenhando desde a aprovação da PEC 55 e o congelamento dos investimentos públicos”, afirmou.

Ele interpreta as ações de unidades das centrais como “um estágio de maturidade”. “A prisão de Lula é prisão de um povo que sonhou um dia com uma vida mais digna. Por isso, é justo levar solidariedade e seguir na resistência”, afirmou Adilson.

Além das centrais, também participaram do ato em Curitiba, entre outros, os presidentes dos sindicatos dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, e dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, e a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. Estavam lá ainda o presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Celso Napolitano, e o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.

 

Durante todo o dia, as centrais participarão de atividades em Curitiba. O local do 1º de Maio ainda será definido. Leia na íntegra o documento das entidades:

1º de Maio unificado – 2018

CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, NCST e UGT

Os trabalhadores enfrentam enormes desafios no Brasil e no mundo para superar as desigualdades, para combater o arrocho salarial e a precarização das condições de trabalho, para barrar a insegurança na proteção social, para impedir os assassinatos e prisões de militantes e lideranças populares, para enfrentar e denunciar a discriminação social, racial e contra as mulheres, para bloquear o cerceamento da liberdade e o ataque à democracia.

A luta é o sentido da vida sindical e a unidade é a nossa decisão política.

Por isso, faremos um Ato de 1º de Maio histórico em Curitiba, nacional e unitário, coroando as inúmeras manifestações que faremos em todo o país e em sintonia com todos os trabalhadores.

Estamos juntos em Curitiba lutando por:

* Nenhum direito a menos

– Contra a reforma trabalhista que destrói os direitos dos trabalhadores e os sindicatos

* Emprego para todos

– Política econômica para gerar empregos para 13 milhões de desempregados e para 12 milhões de subocupados

– Qualidade dos empregos (contra precarização e insegurança)

* Valorização do salário mínimo

– Manutenção da política de valorização do salário mínimo

* Seguridade e Previdência Social

– Financiamento e gestão da seguridade e da previdência social voltados para sua sustentabilidade

* Políticas públicas

– Fim da Lei do teto do gasto público

– Saúde, educação, moradia, transporte e segurança pública

– Políticas públicas de qualidade para todos

* Fortalecimento sindical

– Reorganização sindical para aumentar a representatividade dos trabalhadores

– Financiamento sindical decidido pelos trabalhadores em assembleia

* Democracia e eleições livres

* Justiça, sim. Perseguição, não. Liberdade para Lula!

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