A última palestra de Paul Singer a que assisti foi sobre as classes sociais no Brasil. Foi mais um testemunho deste intelectual socialista, cuja morte choramos no dia 16 de abril, sério, honesto, simpático, profundo em suas ideias, de uma humildade socrática e de uma simplicidade franciscana.

Em homenagem a ele lembro algumas ideias que sobre aquele tema, então, ele expressou.

Classe social: um conjunto de pessoas que tem a mesma condição social, visão de mundo semelhante, e que vivem em locais semelhantes. As pessoas da mesma classe tem ideologia comum, interesses comuns, tendem a se organizar em comum para defendê-los e ampliá-los. Com o rigor de análise da realidade que o caracterizava, ele pontuava exceções: há assalariados que por interesses individuais ou econômicos imediatos não coincidem seus interesses com os de sua classe; há membros da classe trabalhadora que apoiam defensores dos interesses de outras classes levados a isso pela opinião da mídia que exerce o monopólio da informação; para ser de uma classe distinta não basta ser pobre, tem que saber como ganhar a vida, de que forma; a visão de mundo semelhante não provém só do antagonismo econômico, tem a ver com religião, educação, escola, família, tradição; a grande maioria não pertence a partidos e por isso não são influenciados diretamente por eles; e a despolitização cria a impressão de que todos os partidos são iguais.

Paul Singer presente!

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