Massacre dos Carajás: 22 anos de impunidade e injustiça
O Massacre de Carajás, chacina ocorrida em 1996 que provocou a morte de 19 trabalhadores rurais e deixou 51 feridos pela polícia militar do Pará, completa 22 anos em 17 de abril. Até hoje os responsáveis continuam impunes e, das 144 pessoas acusadas, apenas duas foram a julgamento. A mando do então governador Almir Gabriel, eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o secretário de Segurança Pública, Paulo Câmara, comandou a brutal e truculenta ação da polícia militar contra 1.500 agricultores que estavam acampados na rodovia BR-155. Eles pretendiam seguir para a capital, Belém, em protesto contra a lentidão do Incra na análise dos processos de desapropriação de terras, em especial da Fazenda Macaxeira, local que ocupavam anteriormente.
Nesse cenário de injustiça, os crimes contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo continuam ocorrendo. De acordo com os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os primeiros meses de 2017 já registravam 37 mortes no campo, indicando o início de ano mais violento do século. Segundo esta organização, o número de chacinas no campo cresce significativamente a cada ano, o que está diretamente ligado à ausência do Estado, colocando vidas de trabalhadores rurais em risco constante, seja pela ação de grupos paramilitares, como também de jagunços atuando a mando de fazendeiros. Exemplo disso foram as recentes chacinas em Colniza-MT e em Pau D’Arco-PA, no início de 2017, somando 19 mortes de camponeses. Os dados da CPT podem ser conferidos aqui.
O Partido dos Trabalhadores tem denunciado a violência e os atentados cometidos contra os trabalhadores do campo ao longo de sua história. Parte destes registros se encontra no Centro Sérgio Buarque de Holanda (CSBH), que tem sob sua guarda o acervo do Diretório Nacional do PT e outros. No caso do Massacre de Eldorado dos Carajás, o Centro dispõe do registro do ocorrido, que saiu no jornal PT Notícias em sua primeira edição, destacando a brutalidade e os abusos cometidos contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Além deste exemplar, há fotografias e cartazes sobre o massacre, bem como de mobilizações da sociedade civil em torno do caso. E registros sobre outros eventos relacionados, entre eles o assassinato de lideranças como Nativo da Natividade (1985), Chico Mendes (1988) e Padre Josimo (1986), vinculados à fundação do PT, como também de massacres como os de camponeses na fazenda de Capoema (1985), de garimpeiros de Serra Pelada (1987), e de Corumbiara (1995), para citar alguns exemplos.
A 13ª edição da Revista Perseu: História, Memória e Política, cujo dossiê é “Luta por Direitos”, traz artigos sobre o tema. O Caderno de Documentos desta edição trata da repressão e violência policial tanto no campo quanto nos centros urbanos, aos movimentos sociais e também ao Partido dos Trabalhadores.
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