Vigília Eu Sou Lula recebe caravanas de todo o país
Quinze ônibus com integrantes do MST chegaram na manhã de domingo (8) a Curitiba para participar da vigília Eu Sou Lula, ao lado de militantes de pelo menos sete estados, Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Desde o sábado (7), milhares de homens e mulheres se reúnem em um ato pacífico e democrático nas proximidades do prédio da Polícia Federal para denunciar a prisão política de Lula e, juntos, resistir. Mesmo com a violenta tentativa dos agentes policiais de dispersar a mobilização, chegando ao ponto de usar balas de borracha e bombas de efeito moral contra o povo, os aguerridos militantes seguem em vigília.
Pouco depois do meio-dia, dona Maria Oliveira era uma das pessoas incumbidas com a função de alimentar o povo que está nas ruas para alimentar Lula de esperança. “Vim para contribuir e lutar com os companheiros. Um a mais é uma força a mais”, diz, enquanto finaliza uma receita de mandioca com costela para o povo do acampamento Quilombo dos Palmares, em Londrina.
“Sou Lula porque ele é do Partido dos Trabalhadores e quando era presidente estávamos bem melhor. Agora é essa decadência”, afirma. Aos 66 de idade, ela diz que seu maior sonho é ter um pedacinho de terra. “Quero criar meus netos no sítio, pois a cidade é muito violenta e tem que comprar tudo que se precisa. No sítio, você faz um almoço sem precisar comprar quase nada”, explica enquanto os olhos passam da panela para o céu.
Outra mulher de luta que já está na vigília é Adriana Gomes, 36. Ela veio de Castro, região dos Campos Gerais do Paraná, onde está acampada com companheiros do MST. “Nossa ideia é de resistência e de alegria por saber que ainda tem gente que defende a democracia”, diz. “Eu sou Lula porque um dia ele falou uma coisa que me emocionou: para sonhar você precisa comer. Ouvi isso aos nove anos de idade.”
Luana Lustosa Rodrigues, 27, também já está na vigília. “A gente está esperando chegar caravana de todo o Paraná e de outros estados. Todos os olhos estão voltados pra cá, em mais esse passe do golpe. É nossa responsabilidade repetir que não aceitamos essa situação”, diz. “Eu sou Lula porque sou fruto do governo do PT, estudei em escola pública e fui aprovada na universidade pública com o Prouni”, diz ela, que cursou Serviço Social”, afirma.
“Eu sou Lula porque é assim desde o meu primeiro voto. Também pela questão da agricultura familiar. Com ele tivemos o Programa de Aquisição de Alimentos, que garantiu renda para as famílias”, conta Célio Oliveira, 41. Ele veio de Castro, onde coordena o acampamento Maria Rosa do Contestado. Ali produzem arroz, feijão, hortaliças e leite, a oito quilômetros da cidade. “Tudo limpo, sem veneno. Não usamos adubos químicos”, garante.
Célio relata que conheceu o MST em 1988. “Eu morava numa favela em Teixeira Soares. Na cidade tínhamos preconceito com o pessoal sem terra. Vivíamos na pobreza, mas reproduzíamos a ideia que a sociedade passava pra gente. Depois conheci um acampamento, casas pobres, mas com fartura de comida e dignidade. Percebi que algo não se encaixava. Fui para uma ocupação em Castro em 1992. Venho de uma família de 13 filhos e consegui um lote para meu pai. Me sinto na obrigação de ficar na luta”, diz.
“Antes do Lula, fechavam as escolas no campo para expulsarem os pobres para a cidade, produzindo favelas e violência. Com Lula isso parou. A fome acabou. Agora querem que volte tudo como era”,afirma Luiz Mariano, 72 anos de idade, que veio dos Campos Gerais.
Dezenas de outras caravanas estão se preparando nos estados para ir a Curitiba e ocupar o entorno do prédio da Polícia Federal, onde está Lula. Nas palavras da presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, o ato, pacífico e democrático, é uma forma de denunciar a primeira prisão política desde a redemocratização, o completo desvio do papel do Judiciário e de resistir até a vitória na luta pela liberdade de Lula.
“Nossa vigília não terá fim. Enquanto Lula estiver na PF, nós ficaremos aqui. Não arredaremos pé da luta pela liberdade de Lula˜, afirmou. Vamos assumir com todas as forças o compromisso que fizemos com Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ele andará com nossas pernas, pensará com nossas cabeças. A partir de agora, somos todos Lula!”
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