Gleisi Hoffmann: Atentados à caravana agridem a democracia
Os atentados contra a caravana do ex-presidente Lula no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina são um alerta contra a violência política, de cunho claramente fascista, que ameaça a democracia em nosso país. É mais grave ainda que alguns destes atos tenham sido praticamente tolerados pelas autoridades que deveriam garantir o direito de ir e vir, o direito de reunião e de manifestação.
Não se trata de manifestações políticas, garantidas pela Constituição. Não! Os bandos armados que atacaram os ônibus da caravana e o público que recebeu Lula não querem manifestar nada além do ódio que nutrem por quem pensa diferente deles. Querem calar e impedir pela força o adversário político.
O nome disso é fascismo. A tática dos agressores é a mesma utilizada pelos camisas pretas de Benito Mussolini e pelos nazistas de Adolf Hitler. Portam armas de fogo, barras de ferro, correntes, pedras e, no Sul, os mesmos chicotes com que seus ancestrais relhavam os escravos e os humildes.
É a mesma gente que se organizou em milícias armadas contra a reforma agrária no final dos anos 1980. Os mesmos que assassinaram posseiros, trabalhadores sem-terra, sindicalistas, religiosos e advogados. Eles se reorganizam agora, no ambiente de ódio e intolerância cultivado pelos setores que promoveram o golpe do impeachment em 2016.
É muito grave que estas ações criminosas tenham sido incentivadas abertamente por entidades de classe dos ruralistas, por um candidato à presidência da República, o deputado Jair Bolsonaro, e até pela senadora Ana Amélia (PP-RS), que mandou “erguer o relho” contra a caravana.
O país não pode tratar com naturalidade a ação destes grupos que empregam unicamente a violência para se impor. Da mesma forma, não podemos aceitar que o Estado se omita do dever de garantir o direitos constitucionais. Os atentados do Sul não agridem apenas Lula e o PT. Agridem a democracia e a liberdade.
Por Gleisi Hoffmann, senadora e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores