Nenhum economista sério, nem mesmo os mais apegados às premonições do ministro Meirelles, apostavam em uma retomada do crescimento econômico mais robusta neste ano de 2018. O máximo que se vislumbrava era um 3% movido a fogo de palha, isto é, algum respiro no orçamento das famílias depois de três anos de queda da renda per capita. Contudo, a se confirmarem os sinais revelados pelas primeiras safras de indicadores econômicos que têm sido divulgados neste início de ano, a tendência de aceleração que podia ser vista no radar nos últimos meses de 2017 parece cada vez mais chocha. Não por outra razão, os mesmos analistas que insuflavam as velas da esquadra governista agora já recomendam botar as barbas de molho.

O principal indicador antecedente do PIB (o IBC-Br do Banco Central), registrou em janeiro uma forte inflexão na passagem de um ano para o outro. De um crescimento de 1,16% em dezembro, o índice reverteu para uma queda de 0,56% no primeiro mês de 2018, revelando que, muito provavelmente, o resultado do final de 2017 foi fortemente influenciado pelo crescimento atípico da indústria automobilística, a qual expandiu sua produção para se beneficiar das isenções tributárias do programa Inovar Auto que estava se encerrando.

Entre os indicadores setoriais mensais que são calculados pelo IBGE – e que também são levados em conta no cálculo do IBC-Br – o mês de janeiro apresentou fortes contrações tanto nas atividades de serviços (-1,9%), quanto na produção industrial (-2,4%). Apenas as atividades do comércio varejista (“restrito”, isto é, sem automóveis e construção civil) cresceu 0,9% em janeiro, indicando que, por enquanto, o consumo das famílias parece ser o único – porém insuficiente – componente da demanda capaz de dar algum impulso à malparada economia brasileira. Sem cartas na manga e desprovido de uma política macroeconômica consistente, o máximo que a dupla Temer-Meirelles deverá entregar é um pífio voo de galinha, com uma atabalhoada aterrisagem no fundo do poço a inaugurar o mandato do próximo presidente da República.

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