Apesar do número de mulheres chefes de Estado ser muito pequeno quando comparamos com o de homens, algumas delas foram e são personagens decisivas, comandando países chaves para a formação da agenda internacional. E outras, como o caso de Marielle Franco, viram um símbolo para as lutas das mulheres no mundo todo.

A primeira delas e uma das mais importantes do ponto de vista do legado foi a primeira-ministra do Reino Unido entre os anos de 1979 e 1990, Margaret Thatcher. Com ideias que impactaram negativamente os trabalhadores e a população mais carente, Thatcher marcou a ascensão da hegemonia do pensamento neoliberal, junto com o então presidente dos EUA Ronald Reagan.

Atualmente o Reino Unido também é governado por uma mulher, Theresa May. Integrante do Partido Conservador, May está, assim como sua conterrânea citada acima, no centro de outro ponto de inflexão na história britânica: o Brexit. Ela assumiu para negociar a saída do Reino Unido da União Europeia depois que David Cameron, ex-primeiro-ministro, renunciou devido ao resultado do plebiscito que validou o Brexit.

Por outro lado, sinônimo de estabilidade e continuidade é a primeira-ministra da maior economia da Europa, Angela Merkel, igualmente neoliberal e que está há treze anos comandando a Alemanha. Sem dúvida, é a mulher mais poderosa do mundo. Em seu quarto mandato, ela enfrentou obstáculos como, por exemplo, a formação de seu novo governo após meses de negociação. Além disso, o país presencia um crescimento da extrema-direita, pautado por discurso xenófobo contra a imigração.

Ao contrário da Europa, onde se nota que as lideranças femininas estão ligadas à direita e, mais recentemente, à cooptação do feminismo pelo neoliberalismo, na América do Sul as eleições de mulheres para liderarem países se deram durante o período dos governos progressistas. Neste, foi possível que três mulheres comandassem três países extremamente importantes da região: Dilma Rousseff no Brasil, Cristina Kirchner na Argentina e Michelle Bachelet no Chile.

Todas, em linhas gerais, aplicaram medidas para desenvolver seus respectivos países com inclusão social. Também, seus governos caracterizaram um período de maior aproximação na região, sobretudo durante a presidência de Kirchner (2007-2015) e de Bachelet (2006-2010), nos quais ocorreram a criação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) em 2008 e da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em 2010.

Já no governo Dilma Rousseff (2011-2016), o cenário internacional mostrou-se mais desfavorável do que na década anterior devido, em grande parte, à crise financeira. Mesmo assim, a então presidenta, seguindo a exitosa política externa do governo Lula, continuou a apostar no aprofundamento das relações com a região e também com o chamado Sul Global. Um exemplo disso foi a criação do banco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em 2014.

Atualmente, com a guinada à direita na América do Sul, já não vemos mulheres governando os países, ao mesmo tempo em que intolerância e o machismo avançam. A última a entregar a faixa presidencial foi Bachelet, em 11 de março último. No caso brasileiro, Dilma Rousseff foi destituída por meio de um golpe parlamentar eivado de discursos machistas. Ouviam-se insultos constantes à presidenta que atacavam justamente seu gênero.

Impossível não mencionar o recente assassinato de Marielle Franco, vereadora eleita por quase 50 mil pessoas do Rio de Janeiro em 2016, que lutava contra os abusos da polícia e foi morta com vários tiros, com grande repercussão no mundo todo No Parlamento Europeu, por exemplo, mais de cinquenta deputados pediram a suspensão das negociações do acordo Mercosul-UE enquanto não se resolvesse o caso.

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