O assassinato da vereadora Marielle Franco, do Psol do Rio de Janeiro, morta na noite passada alvejada por nove tiros, no centro do Rio, paralisou as atividades do Fórum Social Mundial na manhã desta quinta-feira, 15 de março.

Com as atividades paralisadas, os participantes do FSM se dirigiram até a tenda Povo Sem Medo. De lá, em passeata pela Universidade Federal da Bahia. Comandada majoritariamente por mulheres negras, a passeata relembrou as denúncias do movimento negro do país: o genocídio da juventude negra e a violência policial constante contra mulheres e homens Brasil afora.

“Não queremos um minuto de silêncio, queremos gritar, o que aconteceu com Marielle é mais um caso de assassinato do povo negro”, anunciavam do carro de som. A passeata, tomada de indignação e com muitos participantes com lágrimas escorrendo seguiram debaixo do sol escaldante até a portaria principal da Universidade. Muitas programações foram definitivamente canceladas. Outras retomaram após a passeata, todas com falas de solidariedade e repúdio.

No Brasil, a juventude negra vem sendo exterminada cotidianamente. Abordagens violentas e mortes sem sentido são experiências bem conhecidas pela juventude negra do país. Grupos do movimento negro denunciam há anos ações essa situação. De cada cem pessoas assassinadas, 71 são negras. São 155 assasssinatos por dia.

Não só em Salvador, mas em todo o país estão sendo organizadas e realizadas manifestações e atos em solidariedade à vereadora e seus familiares e de repúdio ao que é considerado mais um crime racial no Brasil.

A Tenda Marco Aurélio Garcia, no Fórum Social Mundial, realiza hoje ato de repúdio a partir das 16 horas.

Brasil e mundo denunciam morte de Marielle Franco

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em nota, denunciou o “crime que atinge diretamente a cidadania e a democracia. Marielle foi executada no momento em que vinha denunciando os abusos de autoridade e a violência contra moradores das favelas e bairros pobres da cidade, por parte de integrantes de um batalhão da Polícia Militar”.

A repercussão no exterior foi intensa também. Diante da morte de Marielle, deputados europeus pediram a suspensão das negociações com o Mercosul.

Em 2017, 312 defensores de direitos humanos foram assassinados no mundo, sendo que destes, 26 eram brasileiros. Miguel Urbán, deputado do Podemos no Parlamento Europeu fez declaração na reunião do Parlamento com cartazes em homenagem a Marielle e responsabilizando o governo Temer pela crise social no país.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU divulgou comunicado que cobra rapidez, transparência e credibilidade nas investigações do assassinato da vereadora.