A tenda Marco Aurélio Garcia tem vivenciado momentos intensos. Na quarta-feira, 14 de março, abriu os trabalhos com debate sobre o Brasil Que o Povo Negro, auditório repleto, com uma mesa composta por estudiosos e gestores públicos, além de militantes da luta contra o racismo. Veja aqui.

Na período da tarde, ocorreu a roda de conversa preparatória à Conferência Nacional de Comunicação  e reuniu militantes e dirigentes atuantes no área da comunicação. Carlos Henrique Árabe, secretário nacional de Comunicação do PT, coordenou os debates sobre a ação criminosa da mídia nacional e a necessária regulamentação dos meios de comunicação e a preparação dos estados para a conferência.

Segundo Árabe, o “debate foi muito importante, articulando as forças de esquerda porque precisamos democratizar a comunicação com pluralismo.”

Na sequência a tenda se dividiu em dois ambientes. De um lado estavam os interessados nos debates sobre formação política em tempos de golpe, com representantes do PT, da CUT, do MST e da Central de Movimentos Populares.

Do outro lado, com representantes do movimento feminista e de mulheres, as muitas presentes discutiram o Brasil pelo qual as mulheres lutam. Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT, além de Eleonora Menecucci, ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo da presidenta Dilma, e demais convidadas, abordaram questões como a misoginia na política, as violências que sofrem as mulheres negras, estupros corretivos que sofrem as mulheres lésbicas, o Judiciário como copartícipe das violências contra as mulheres,

A vereadora Marta Rodrigues, liderança da oposição na Câmara dos Vereadores de Salvador, lembrou que “a nossa luta é por mais autonomia para enfrentar a desigualdade no salário e a violência, mais espaços de poder e direitos reprodutivos”. A vereadora defendeu que é preciso “articular as opressões de classe contra nós mulheres”.

Para Simmy Larrat, representante do setorial LGBT do PT e da ABGLT, “a luta LGBT é solidária a todas as mulheres. Nossa luta é por nossa existência. Na sociedade capitalista, aquele mesmo homem que vai para os púlpitos e palanques dizer que não podemos ir para as escolas, não podemos estar na sociedade, são o mesmos que nos contratam nas esquinas. O debate é moral, esconde a questão econômica e é contra essa moral que lutamos para poder existir e ocupar espaços simples, como o direito a educação, a saúde, o direito de ir a padaria, de ter o nosso nome”.

Eleonora Menecucci alertou que “é fundamental para o capitalismo manter o trabalho doméstico não remunerado porque é mais valia que ele tira dali. Conseguimos avançar nas pautas e acabou a escravidão com a PEC das empregadas domésticas. Precisamos avançar sabendo que somos 52% da população e mães da outra metade. Não vão calar nenhuma de nós. É por vocês, pelas mulheres brasileiras, que estamos na luta. Tenho certeza que sabemos qual país nós queremos. E é por ele que não sairemos das ruas. Só acredito que a democracia se radicalizará no Brasil com todas nós nas ruas e assim vamos transformar o mundo”.

A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, também participou da atividade das mulheres na tenda Marco Aurélio Garcia. “O nosso feminismo está dentro da luta de classes, eu sei que as mulheres são guerreiras. Nós temos que lutar pela liberdade e direito do presidente Lula de participar da eleição. Lula representa uma quebra que nós tivemos nesse período todo onde só as elites governaram. E por quatro eleições consecutivas ganhamos a eleição. Precisaram dar um golpe para tirar a presidenta eleita. Os direitos básicos e elementares da Constituição de 1988 foram possíveis a partir de nossos governos. Foi no governo do Lula, em 2005, que aprovamos a Lei Maria da Penha. A simbologia deste governo fez aumentar a violência contra as mulheres”, disse.

“É muito importante a realização do Fórum Social Mundial aqui em Salvador. É relevante porque traz a visão de mundo para a nossa realidade. Essa é uma corrida grande que faremos para vencer e não vão nos intimidar”, falou ao final.

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