O descobrimento de si própria em “Hibisco Roxo”
Em Hibisco Roxo, Chimamanda Ngozi Adichie apresenta os leitores a Kambili, uma tímida e reprimida adolescente nigeriana de família rica. A adolescente nutre uma adoração pelo pai, um rico e religioso empresário, que também é um homem violento e controlador dentro e fora de casa. O pai mantém a família em rédeas curtas, controlando todos os aspectos da sociabilidade da esposa e dos dois filhos.
No entanto, contrastando com a austeridade de sua casa e de seu pai, a adolescente leva um choque de realidade quando passa a conviver com sua Tia Ifeoma e seus três primos, que não têm a mesma condição socioeconômica privilegiada que Kambili e nem vivem sob as estritas regras de disciplina escolar e religiosidade fundamentalista que são tabu na casa de Kambili. A relação com Padre Amadi, um padre “diferente” dos brancos europeus a que estava acostumada, também a transforma e a leva a abrir um campo de possibilidades para o desenvolvimento de suas habilidades e seus horizontes. A relação com seu avô, um pagão segundo os padrões de seu pai, a coloca em sério embate com seu progenitor. Todos esses aspectos se combinam a uma atmosfera de instabilidade política e repressão, que tornam a adolescência de Kambili um processo de descobrimento de si própria ainda mais intenso.
O livro é ambientado na Nigéria, mas, através dos olhos da adolescente, Chimamanda trata da violência de gênero, da autonomia feminina, da pobreza e da desigualdade, dos problemas sociais, do fundamentalismo religioso, do papel social de destaque que os brancos assumem na Nigéria, além da repressão política e policial, questões mais amplas que não permanecem restritas à realidade deste país africano, mas devem ser debatidas em qualquer lugar do mundo, em especial no Brasil dos dias atuais.
Serviço:
Chimamanda Ngozi Adichie (2017) Hibisco Roxo, Ed. Companhia das Letras, 7ª Reimpressão
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