Uma reportagem da agência Reuters publicada ontem no jornal New York Times revela que o governo brasileiro está em negociações já avançadas com empresas aeroespaciais dos Estados Unidos e com a Casa Branca para comercializar o uso da base de Alcântara. De acordo com a reportagem, a localização de Alcântara beneficiaria as empresas, que poderiam cortar custos.

A ideia é utilizar a base para o lançamento de foguetes com pequenos satélites. A publicação não faz nenhum tipo de análise política da aproximação entre os dois países, apenas relata o que está em jogo para as empresas estadunidenses e muito pouco de como o Brasil pode ser afetado. Na verdade, o texto aponta somente o que seria vantajoso.

O Conselho Espacial Empresarial, que representa a indústria dos EUA, estima que esse setor deva ter uma forte alta entre este ano e 2022 e eque Alcântara possa capturar 25% desse mercado. O desejo do governo brasileiro depende do acerto de um acordo de salvaguarda tecnológica que está em negociação.

A Reuters recorda que, em 2003, houve tentativa de um acordo semelhante que encontrou resistência no governo de esquerda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a agência de notícias relata que o panorama hoje é bem diferente, e que o acordo seria facilmente aprovado pelo Congresso, formado, na maioria, por parlamentares conservadores.

A previsão é de que o acordo de salvaguarda tecnológica fique pronto ainda neste ano caso o Departamento de Estado dos EUA tenha permissão para negociar, segundo representantes da indústria estadunidense. De acordo com o relato, em 22 de fevereiro, representantes dos governos dos EUA e do Brasil, além de empresas espaciais dos dois países, realizaram uma teleconferência. Uma porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca declarou que eles estão confiantes no interesse do Brasil em se aproximar dos Estados Unidos no setor espacial.

Entre as empresas interessadas no acordo está a Boeing, que negocia a compra da Embraer. Porém, a notícia não explica se há ou qual seria a relação entre a compra da empresa brasileira e a utilização de Alcântara como uma base comercial de lançamentos. Representantes da Boeing e da Lockheed Martin Corp visitaram em dezembro o centro espacial de Alcântara.

O governo brasileiro quer atrair clientes ao se anunciar como a alternativa mais barata do que Kourou, o porto espacial europeu na vizinha Guiana Francesa, que costuma lançar grandes satélites. O coordenador do programa aeroespacial brasileiro, o brigadeiro Luiz Fernando Aguiar, conversou com a reportagem ressaltando as qualidades comerciais da base brasileira. “Nós estamos mais perto do equador e temos uma excelente base para lançamentos de microssatélites”, disse em uma comparação com Kourou. Alcântara tem radares, uma pista e um porto para descarregar equipamento, junto com amplo espaço para armazenar foguetes e construir uma planta de oxigênio líquido se necessário, ele disse.

A notícia confirma o que vem sendo dito desde o golpe: as riquezas do Brasil estão sendo colocadas à venda. A íntegra da reportagem pode ser acessada pelo link.

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