O governo quer fazer crer que a queda do desemprego nos últimos meses, que tem sido medida, entre outros indicadores, pelos dados da PNAD Contínua, são fruto da Reforma Trabalhista. Da mesma forma, o governo tem creditado o crescimento de 1% em 2017, anunciado na semana passada pelo IBGE, à sua agenda de reformas, tais como o teto de gastos (Emenda Constitucional 95), que estaria “recolocando o país nos trilhos” ao restaurar a confiança em um governo responsável em termos fiscais.

No entanto, o discurso oficial não se sustenta. Por um lado, a alardeada recuperação do mercado de trabalho não tem sido sentida pelos brasileiros, pois, como discutimos aqui, a crise continua se manifestando para os trabalhadores brasileiros:

i) A taxa de desocupação no Brasil continua muito alta e a níveis muito maiores que antes da crise;
ii) A recuperação do mercado de trabalho tem ocorrido com a ampliação da informalidade;
iii) As taxas de subutilização chegaram em 2017 aos níveis mais altos da série histórica;
iv) Um dos setores que mais tem crescido é o emprego doméstico.

Especialistas têm apontado que a Reforma Trabalhista pode levar a uma ampliação da precarização do mercado de trabalho, agravando o fenômeno que já ocorria antes da crise, e que uma retomada consistente do emprego só pode vir se puxada por um crescimento econômico: a simples flexibilização do mercado de trabalho, como fez a reforma, não leva por si só a um crescimento do emprego.

Por outro lado, o crescimento no ano de 2017 nada teve a ver com a agenda das reformas ou com o ajuste fiscal, mas veio basicamente como fruto de uma boa safra, em especial no ano de 2017 e do consumo das famílias, também com maior peso no início do ano, em função da liberação do FGTS. Nenhuma das grandes causas do crescimento do PIB em 1% em 2017, portanto, pode ser atribuída à política do ajuste fiscal ou à agenda das reformas, como quer fazer crer o governo, ávido em fazer a defesa de seu “legado”.

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