Após assumir o recém-criado Ministério da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-RJ) demitiu o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia. Indicado pelo MDB e próximo ao ex-presidente José Sarney (MDB-AP), Segovia acumulou durante seu tempo a frente da PF uma série de declarações polêmicas e indícios de que sua atuação visava beneficiar politicamente os que o indicaram.

Quando assumiu, Segovia afirmou que a mala de quinhentos mil reais de propina carregada por Rocha Loures, aliado de Temer, não era prova suficiente para incriminar o presidente, denunciado por corrupção passiva. Recentemente, em entrevista à Reuters, o então diretor-geral apontou a tendência de arquivamento do inquérito que investiga Temer por recebimento de propina na edição de um decreto relativo aos portos. A declaração foi recebida sob protesto de delegados da Polícia Federal, e a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que proibisse Segovia de fazer qualquer comentário sobre o processo.

Jungmann escolheu para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal o delegado Rogério Galloro, que já havia sido diretor executivo na gestão de Leandro Daiello, antecessor de Segovia. Galloro ocupava, até então, o cargo de Secretário Nacional de Justiça, dentro do Ministério da Justiça. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu à demissão e afirmou que se Segovia falou demais “muitos outros têm falado também, o Poder Judiciário e o Ministério Público também falam”. O ex-diretor-geral havia sido indicado por políticos aliados de Temer e sua atuação explicitamente visava influenciar investigações e inquéritos contra esses políticos. Galloro deve trocar toda a diretoria da Polícia Federal, que havia sido nomeada pelo seu antecessor.

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