No dia 10 de fevereiro de 1980, o movimento operário em ascensão, liderado por Lula, convocava as esquerdas que saíam da clandestinidade e os movimentos populares que teciam com suas pequenas ações na base da sociedade a resistência, que haveria de derrotar a ditadura, para constituir o mais significativo instrumento de luta dos assalariados brasileiros: o Partido dos Trabalhadores.

Nesses 38 anos de lutas sem tréguas contra privilégios, sob o cerco feroz das oligarquias herdeiras de cinco séculos de opressão, segue essa homenagem aos militantes que o construíram e o mantêm aceso no coração dos brasileiros.

Um fragmento do poema “Os Filhos da Paixão”.

 

“Nascemos num campo de futebol.

Haverá berço melhor para dar à luz uma estrela?

Aprendemos que os donos do país só nos ouviam quando cessava o rumor da última máquina…

Quando cantava o arame cortado da última cerca.

Carregamos no peito, cada um, batalhas incontáveis.

Somos a perigosa memória das lutas.

Projetamos a perigosa imagem do sonho.

Nada causa mais horror à ordem do que homens

e mulheres que sonham.

Nós sonhamos. E organizamos o sonho.

Nascemos negros, nordestinos, nisseis, índios,

mulheres meninas de todas as cores,

filhos , netos de italianos, alemães, árabes, judeus,

portugueses, espanhóis, poloneses, tantos…

Nascemos assim, desiguais, como todos os sonhos humanos. Fomos batizados na pia, na água dos rios, nos terreiros.

Fomos, ao nascer, condenados a amar a diferença.

A amar os diferentes.

Viemos da margem.

Somos a anti-sinfonia

que estorna da estreita pauta da melodia.

Não cabemos dentro da moldura…

Somos dilacerados como todos os filhos da paixão.”

 

Pedro Tierra é poeta, ex-presidente da Fundação Perseu Abramo.

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