New York Times: processo contra Lula não tem provas
O artigo foi redigido por Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisa em Economia e Política em Washington e que também é presidente do “Somente política internacional” e autor do livro “Falha: o que os experts entenderam errado sobre a economia global”.
Weisbrot começa o seu texto apresentando o Brasil como o último país do mundo Ocidental a abolir a escravidão e como uma jovem democracia que saiu de uma ditadura há menos de 30 anos. Para ele, a autonomia que o governo do Partido dos Trabalhadores possibilitou para que a Justiça investigasse e processasse políticos envolvidos em corrupção acabou se transformando em algo oposto do que deveria ser. O resultado é o enfraquecimento da democracia brasileira que, para o autor, volta ao nível em que estava ao final da ditadura militar.
Weisbrot afirma que a democracia pode ser ainda mais abalada a depender da decisão dos três juízes que julgam a apelação do ex-presidente Lula contra a condenação definida pelo juiz Sérgio Moro. Na visão do articulista “não há expectativa de que o julgamento seja imparcial”. Ele diz que o juiz de instrução, Sergio Moro, mostrou a sua parcialidade em diversas ocasiões e cita, especificamente, a divulgação dos grampos telefônicos em que Lula conversa com Dilma, com seus advogados, com a sua esposa e com seus filhos, além do espetáculo feito para a imprensa quando foi realizada a condução coercitiva do ex-presidente. Na opinião de Mark, a evidência contra Lula está muito abaixo dos padrões do que seria tomado seriamente, por exemplo, no sistema judicial dos EUA.
O artigo explica que a propina que Lula teria recebido seria um apartamento tríplex de propriedade da construtora OAS, mas não há provas de que o título tenha sido transferido para Lula e sua mulher ou mesmo que eles tenham tentado aceitar o presente. A única evidência é o testemunho do executivo Leo Pinheiro. Ela foi utilizada por Moro para sentenciar Lula em um “julgamento canguru”, segundo Mark Weisbrot. A expressão é utilizada nos EUA para descrever decisões enviesadas e sem fundamento. Weisbrot ainda conclui que o Estado de Direito no Brasil já tinha sofrido um duro golpe quando Dilma Rousseff foi destituída da presidência e finaliza dizendo que será uma calamidade para o Brasil, para a região e para o mundo caso o judiciário politizado impossibilite a candidatura de um líder político popular.