A cada 5 dólares gerados, 4 ficam com o 1% mais rico
Um relatório apresentado na última segunda-feira pela ONG britânica Oxfam mostrou que 82% (US$ 762 bilhões) da riqueza gerada no mundo ficou com o 1% mais rico em 2017. Este grupo teve os mesmos ganhos que metade da população mundial (3,7 bilhões de pessoas). Nunca tão poucos concentraram tantos ganhos. Em 2017, surgiu um novo bilionário a cada dois dias. O relatório foi propositalmente lançado um dia antes do início do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, onde, anualmente, deveria ser discutida a melhora da situação econômica, política e social no mundo.
Estima-se que o custo para erradicar a extrema pobreza no mundo seja pouco superior a US$ 100 bilhões, o que corresponde a um sétimo dos ganhos destes ricos em apenas um ano. Todavia, esta desigualdade não é apenas monetária, pois, dos 2043 bilionários do mundo, apenas 10% são do sexo feminino.
O Brasil também registrou crescimento recorde no número de bilionários. Em 2016 eram 31 pessoas; em 2017, 43. Apenas as cinco pessoas mais ricas do país concentram o mesmo patrimônio que metade da população. Enquanto isso, o desemprego ainda atinge 12,6 milhões de trabalhadores brasileiros, e a participação dos 50% mais pobres na renda nacional caiu de 2,7% para 2%, o que tende a se agravar com as recentes perdas de direitos da população como um todo.
Segundo apurou a entidade britânica, dois terços da riqueza dos bilionários têm como origem heranças, rendimentos empresariais em setores monopolizados e vantagens adquiridas por meio de relações com governos, o que põe uma pá de cal sobre os ideais meritocratas.
Um estudo britânico sobre a riqueza das famílias inglesas, elaborado pelos economistas Gregory Clark e Neil Cummins, apontou que nos oito séculos entre os anos 1170 e 2012, os sobrenomes das famílias mais ricas pouco mudaram. O mesmo se constatou, em períodos um pouco mais curtos, na Itália, Suécia, EUA, Índia, Japão, Chile, e outros.
Assim como outros bilionários brasileiros, e segundo apurou o Poder 360, o mais rico empresário brasileiro, Jorge Paulo Lemann, acionista da Ambev, está ligado a vinte Offshores em paraísos fiscais, e ainda renunciou ao seu domicílio fiscal, o que lhe permite tributar seus bens e rendimentos apenas no novo domicílio. Desta forma, apesar de ter o Brasil como origem e destino de grande parte de seus bens e rendimentos, acaba por não contribuir, pelo imposto de renda, com os serviços públicos federais, estaduais e municipais tributados a quase todos os brasileiros, inclusive a parte dos 50% mais pobres.
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