Artistas e intelectuais se reuniram em apoio a Lula em SP
Por Solange do Espírito Santo, para a CUT
Eu duvido que os juízes que já me julgaram ou que ainda vão me julgar estejam com a tranquilidade que eu estou. Estou com a tranquilidade dos justos, dos inocentes. A minha tranquilidade vai infernizar a vida deles”. A afirmação foi feita na noite desta quinta-feira (18) pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao referir-se à sua condenação pelo juiz Sérgio Moro no caso do tríplex no Guarujá e ao julgamento do recurso de sua defesa no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no próximo dia 24.
Lula participou do ato “Em defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato – Artistas e Intelectuais com Lula”, na Casa de Portugal, em São Paulo, o segundo nos mesmos moldes na semana (o primeiro aconteceu na noite de terça, no Rio de Janeiro).
Falando a uma plateia de mais de 700 pessoas, o ex-presidente anunciou que, independentemente do que acontecer no julgamento do dia 24 e se o seu partido quiser, ele será candidato na eleição de outubro.
“Comunico aqui que quero que o PT me indique como candidato. Inventaram um crime, uma condenação, e estou disposto a enfrentá-los”, disse o ex-presidente. “Eu quero provar que não tem jeito de consertar este país se o povo trabalhador, o povo pobre, não estiver inserido na economia. O que está em jogo neste instante é algo mais forte que eu, é a soberania nacional, porque eles querem fazer com que esse País volte a ter complexo de vira-lata”, destacou.
No palco do evento, ao lado de Lula, estavam 60 pessoas representando as diferentes expressões artísticas e culturais, além de representantes de partidos políticos progressistas e de movimentos sociais. O presidente da CUT, Vagner Freitas, representou o movimento sindical no ato.
Os movimentos sociais foram representados por Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, e Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. A senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, representou o partido no ato, ao lado de lideranças como o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do presidente estadual da legenda, Luiz Marinho, e de ex-ministros dos governos Lula e Dilma Rousseff, como Aloizio Mercadante (Educação e Ciência e Tecnologia) e Celso Amorim (Defesa e Relações Exteriores).
Entre os artistas e intelectuais, estavam os cantores Ana Cañas, Thaide, Edgard Scandurra, Leci Brandão, Odair José, Raquel Virgínia e Renato Braz, os atores Celso Frateschi, Ailton Graça, Maria Casadevall e Débora Duboc, os escritores Raduam Nassar e Alice Ruiz, a cineasta Laís Bodansky, o jurista Fábio Konder Comparato, o professor Gilberto Maringoni, o economista Ladislau Dowbor, e a coordenadora do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, Rosane Borges.
Como a Globo vai desmentir?
Referindo-se aos juízes e à perseguição político-midiática que vem sofrendo, o ex-presidente enfatizou: “Eles sabem que não tenho apartamento, que não tenho escritura, então por que me condenaram? É porque uma vez que se diz a primeira mentira, as pessoas passam o resto da vida mentindo para sustentar essa primeira mentira”.
E completou: “A Globo já falou 30 horas no Jornal Nacional do tríplex. Como é que vai falar agora que eu não tenho tríplex?”.
Lula relembrou as principais ações e políticas de seu governo e a popularidade que alcançou quando deixou a Presidência da República, com 87% de aprovação, a maior do Brasil e de vários países.
“A verdade é que eu não seria o que eu sou se não fosse vocês! Se não fossem os trabalhadores brasileiros, os metalúrgicos, os bancários, comerciários, pedreiros, químicos, os professores, os médicos, os sem-terra, os sem-teto. Se não fosse a sociedade brasileira acreditar na democracia eu não teria chegado onde eu cheguei. É por isso que eu tenho orgulho de dizer que não fui eu que cheguei, fomos nós que chegamos. Não fui eu que governei, fomos nós que governamos”.
Ao longo das mais de três horas de duração do evento, todos os oradores – entre representantes da classe artística, intelectuais, dos movimentos sociais e partidos políticos – reforçaram a importância de resgatar a democracia e que o direito de Lula ser candidato é o passo fundamental desta luta contra o golpe. As intervenções foram intercaladas por apresentações musicais, como de Ana Cañas e As Bahias, de Renato Braz e Leci Brandão.
Confira a seguir algumas das declarações:
“Independentemente do que acontecer no TRF-4, Lula já foi absolvido pelo tribunal da história. E nosso dever democrático é tomar as ruas no dia 24. Lula, conte conosco nesta batalha! As nossas ocupações em São Paulo estarão em peso no ato do dia 24. O povo lá da sua terra, o povo da ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo irá para o centro de São Paulo e para a Avenida Paulista para estar nessa jogada democrática. ‘Tamo junto’!” (Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto)
“Nunca participei de uma atividade como esta e vim aqui para apoiar o povo. Nós temos o direito de escolher os governantes nas urnas. Corremos o risco de levar o futuro de volta ao passado”. (Odair José, cantor e compositor)
“Dia 24 será um fato histórico. Vai dar 3 a zero a nosso favor [no julgamento do recurso de Lula]. Se for diferente, estarão definitivamente rasgando a Constituição. E dia 25, os movimentos sociais vão lançar a candidatura de Lula. A vitória parcial deles é derrota, porque nos deram a possibilidade de mostrar quem eles são”. (Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra)
“A covardia está aí! A gente sabe que o grande problema é que os golpistas não aceitam o seu pecado, que foi tratar as pessoas com respeito, você respeita a diversidade do Brasil” (Leci Brandão, cantora e deputada estadual do PCdoB/SP)
“Não dá para imaginar um Brasil em 2019 sendo governado de novo por um presidente sem a menor legitimidade, que vai suceder um sujeito que já não tem a menor legitimidade. Não adianta tirar Lula. Não adianta tirar o melhor jogador de campo, fazer gol sem goleiro”. (Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação)
“A favela tem voz sim. Lula deu voz a favela, o primeiro favelado a chegar lá”. (Bruno Ramos, da Liga do Funk)
“Não há crime. E não há oportunidade melhor para o TRF-4 mostrar para o mundo que aqui tem Justiça. O mundo está de olho no Brasil neste momento e nós vamos mostrar que não somos um povo manso. Nosso lugar é nas ruas, ao lado de Lula, o candidato do povo brasileiro. Vai ter Lula, vai ter luta!” (Gleise Hoffmann, senadora e presidenta nacional do PT)
“Eu não vim aqui apenas mostrar que sou um eterno amante da democracia, mas vim aqui me juntar com as minhas e com os meus para lutar por um dos nossos, que é Lula”. (Thaíde, rapper)
“Quem está sendo julgado é o povo brasileiro. A campanha eleitoral deste ano será mais politizada e o que estará em jogo é se a reforma trabalhista vai continuar, se o trabalho escravo vai continuar, se vão acabar com a aposentadoria, se o golpe vai continuar”. (Gilberto Maringoni, professor universitários e dirigente do Psol)
“Pela primeira vez na vida, eu vi uma pessoa semeando esperança. Eu vi essa semente dando bons frutos. Eu, Aílton Graça, não abro mão de ter essas conquistas. Uma delas é a democracia. Meu voto, aberto, é seu, Lula, e quero que o meu voto seja respeitado”. (Ailton Graça, ator)
“Lula foi uma grande exceção histórica, o primeiro chefe de Estado que não veio do estamento oligárquico. Precisamos reforçar esta exceção, porque há 5 séculos vivemos sob o sistema oligárquico, sob o potentado econômico. Para isso, precisamos trabalhar para organizar o povo, que é quem vencerá a oligarquia”. (Fábio Konder Comparato, jurista e professor emérito da Faculdade de Direito da USP)
“Não vamos aceitar não ter Lula nas próximas eleições. Nós precisamos dele porque a democracia não ode morrer”. (Laís Bodansky, cineasta)
“O direito de Lula ser candidato é a síntese da luta de classes, é pensar a soberania popular e que somos partícipes deste processo”. (Rosane Borges, coordenadora do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra)
“Apoiar Lula significa apoiar o Estado de Direito, dar um breque em todo o processo de perda de direitos civilizatórios. É preciso dar um basta a este descalabro, para que a democracia volte a acontecer no Brasil”. (Celso Frateschi, ator)
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