Nova ministra do Trabalho e a antecipação da reforma ministerial
A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson, presidente do PTB, é a nova ministra do Trabalho. Indicada pelo pai, seu nome foi aceito por Temer e o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), finalizando o embaraço gerado pela rejeição de José Sarney (MDB-MA) ao nome de Pedro Fernandes (PTB-MA). A nomeação da deputada foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (04-01) e ela deve tomar posse na próxima semana.
Cristiane Brasil foi citada na Operação Lava Jato, em abril do ano passado, na delação de Leandro Andrade, um dos executivos da Odebrecht, que relatou que em 2012 entregou pessoalmente à Cristiane duzentos mil reais, a pedido do deputado federal Pedro Paulo (MDB-RJ), como parte da base de apoio da campanha para reeleição de Eduardo Paes (MDB-RJ) à prefeitura do Rio. Cristiane Brasil alega que o STF não solicitou investigação e não há nada a seu respeito senão comentário sem prova feito pelo delator.
Cristiane Brasil não é unanimidade no PTB. Deputados de seu partido disseram que a indicação dela não teve o aval da bancada e nem sequer foram consultados. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que sua escolha para o ministério do Trabalho foi feita após uma avaliação técnica de suas qualidades, por sua comprovada liderança, espírito de gestora e história política. Cristiane Brasil é advogada, deputada federal de primeiro mandato, responsável pelo projeto de regulamentação do lobby a ser votado no plenário, e por um projeto que tentou evitar que mulheres que frequentam a Câmara utilizassem decotes exagerados e saias curtas, o projeto não avançou. Foi vereadora no Rio por três mandatos e secretária na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (MDB) e assumiu a presidência do PTB enquanto o pai, Roberto Jefferson esteve preso.
Na quarta-feira, dia 3 de janeiro, outro ministro, Marcos Pereira (PRB), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, também pediu demissão para se dedicar a campanha eleitoral. É a quarta demissão em dois meses e as três substituições já realizadas foram por deputados federais que abriram mão de disputar a reeleição.
No Palácio do Planalto, há expectativa de que metade dos ministros faça o mesmo, antecipando a reforma ministerial. Dos 28 ministros, catorze deverão se descompatibilizar até abril para concorrer às eleições, entre eles o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e o das Comunicações, Gilberto Kassab, do PSD; o da Educação, Mendonça Filho (DEM); das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB); da Defesa, Raul Jungmann (PPS); das Minas e Energias, Fernando Coelho Filho (PSB); o dos Transportes, Maurício Quintella (PR); além de Blairo Maggi, da Agricultura, e Ricardo Barros, da Saúde, ambos do PP e cinco ministros do MDB (Helder Barbalho, da Integração, Sarney Filho, do Meio Ambiente, Leonardo Picciani, dos Esportes, Marx Beltrão, do Turismo e Osmar Terra do Desenvolvimento Social).
Um dos critérios estabelecidos por Temer para a escolha dos substitutos dos ministros é o compromisso de permanecer no cargo até o fim do mandato, ou seja, até 31 de dezembro deste ano. Além disso, há pouco mais de um mês da data marcada para votação da Reforma da Previdência, as mudanças nos ministérios precisam ser articuladas para satisfazer a sede da base e garantir os 308 votos que o governo precisa.