Ano decisivo começa com atritos na base aliada do governo
O Ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, pediu demissão no dia 27 de dezembro, quando o mercado de trabalho brasileiro registrou fechamento de 12.292 vagas, segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), e a portaria que redefinia o trabalho escravo, defendida por ele, foi alterada. Nogueira deve recandidatar-se a deputado federal pelo PTB nas próximas eleições.
Na data, o PTB sugeriu o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para substituir Nogueira no Ministério do Trabalho. Temer “achou o nome excelente e concordou”. Na tarde de ontem, Pedro Fernandes, que já aceitara o convite, afirmou que foi vetado pelo ex-presidente José Sarney (PMDB-MA). Segundo ele, seu nome criaria “embaraço” entre Temer e Sarney.
Fernandes foi do grupo político de Sarney e ocupou a Secretaria Estadual das Cidades e Desenvolvimento Urbano e da Educação no governo de Roseana (PMDB-MA). O PTB permaneceu coligado em 2014, em apoio à candidatura de Lobão Filho (PMDB), aliado dos Sarney. Com a eleição do governador Flávio Dino (PCdoB), inimigo político de Sarney, Pedro Fernandes aproximou o PTB do governo Dino e indicou seu filho, Pedro Lucas Fernandes, para a presidência da Agência Executiva Metropolitana do Maranhão.
O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, disse ontem que se houve realmente veto por parte de alguém do PMDB seria um “constrangimento” para a bancada do PTB na Câmara. “Ainda não recebi essa notícia como sendo veto de PMDB. Se o PMDB tiver vetado, é um absurdo… Se foi ele (Pedro Fernandes) quem não aceitou, tudo bem. Mas se tem um veto do PMDB, aí eu não posso aceitar. Não é correto ele (Sarney) vetar nome dentro do PTB”.
O PTB é um dos principais aliados do governo Temer no Congresso. O presidente do partido, Roberto Jefferson, determinou o voto fechado da bancada a favor da reforma da Previdência, Questionado se o veto poderia causar retaliações dos deputados do PTB em votações na Câmara, Arantes espera informações oficias antes de avaliar o que fazer. “Não quero agir com antecedência sem saber o que é”, disse. O presidente do PTB afirmou que a decisão “gera frustração” no partido, mas que tentará contornar isso “deixando o mínimo de sequelas”.
Temer pediu a Jefferson uma nova indicação do PTB para o controle da pasta, que interinamente fica sob o comando do secretário-executivo,Helton Yomura. Os novos nomes cotados para assumi-la são o do deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS) e o do pastor Josué Bengston (PA), afirmou o presidente do PTB.
Em nota, Sarney disse que “não foi consultado e não vetou o deputado Pedro Fernandes”.
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