Brasileiro é o segundo pior na percepção da própria realidade
A pesquisa “Os Perigos da Percepção“, realizada pelo Instituto Ipsos Mori, e divulgada na última semana, aponta que o Brasil é o país onde o povo possui a segunda pior percepção da realidade, dentre outras 37 nações pesquisadas. O país pior avaliado é a África do Sul, e na sequência do Brasil, aparecem Filipinas, Peru e Índia.
No outro extremo da avaliação, onde quanto maior a posição, melhor informada é a população sobre os dados de seu próprio país e do mundo, estão Espanha (35ª posição), Dinamarca (36ª), Noruega (37ª) e Suécia (38ª). A população de países como Estados Unidos (23ª posição), Rússia (24ª), Alemanha (25ª) e China (27ª) também obtiveram bons resultados.
A situação brasileira pode ser enxergada como mais grave, se for levado em conta o constante uso da pós-verdade como força motriz de desinformação, de direcionamento de opinião, e de mobilizações diversas nos últimos anos. O perigo das convicções se sobreporem aos fatos é amplificado quando tais convicções estão muito descoladas da realidade. Ainda que os temas abordados na pesquisa possam não ser os mais relevantes para o atual momento político e econômico nacional, esse descolamento é claramente demonstrado.
Na opinião dos brasileiros pesquisados, a gravidez na adolescência/juventude atinge quase metade (48%) das mulheres de 15 a 19 anos, quando na realidade esta proporção é 7 vezes menor (6,7%), o que demonstra a tendência de enxergar uma situação muito mais negativa do que ela é, numa temática que também envolve valores morais.
Os brasileiros também crêem que 18% dos presidiários do país são imigrantes. Esta proporção é, na realidade, 45 vezes menor, 0,4%. Também acreditam que 85% dos brasileiros possuem smartphone. Neste caso, parece faltar uma melhor visão das desigualdades do país, pois apenas 38% possuem tal tecnologia.
Outros resultados apontam que a população do país acredita que 80% deles crêem em Deus. A proporção correta é 98%, segundo dados do Instituto. No que toca à saúde, acreditam que 42% acham a própria saúde boa, quando, de fato, 70% acreditam ter boa saúde.
O mesmo instituto realizou pesquisas similares em outros anos. Em 2015, por exemplo, a população do Brasil, junto com outras 5 nacionalidades apenas, acreditava que a riqueza no país era melhor distribuída, ou seja, que os 1% mais ricos do país ganhavam menos do que realmente ganhavam. Os demais 30 países pesquisados criam no contrário.
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