Boletim de Conjuntura de dezembro faz balanço de 2017
A edição de dezembro do Boletim de Análise da Conjuntura da Fundação Perseu Abramo faz uma retrospectiva de 2017. A seção Golpe contra o Estado mostra por que este ano será provavelmente lembrado no futuro como o das privatizações e das desnacionalizações, tendo o país experimentado o mais acelerado processo de vendas e negociações do patrimônio brasileiro para os capitais privado e estrangeiro em setores fundamentais e estratégicos, o que compromete em grande medida a soberania nacional e a capacidade de impulsionar políticas de desenvolvimento.
A parte Internacional resgata os principais fatos políticos ocorridos ao longo dos meses e evidencia que o mundo atravessa um período de grandes instabilidades.
No tema de Política e Opinião Pública, destacam-se a Reforma Trabalhista, que trouxe o desmonte da CLT e já passa por alterações por meio de emendas ou MPs. A Reforma Política aprovada sem a devida discussão, em outubro, e MPs que perdoam dívidas de grupos empresariais e demonstram para quem os golpistas governam. Somado à isso, o governo agonizou mergulhado em escândalos de corrupção.
No capítulo Social, registram-se enormes perdas tanto no campo da política social quanto no mercado de trabalho, seja pelo desmonte de políticas (por meio do fim de diversas políticas ou da redução aguda do financiamento delas), seja pela adoção de novas regulamentações que prejudicam os trabalhadores e os setores mais vulneráveis da sociedade brasileira.
Em Economia o ano termina da mesma forma que começou: com os analistas de mercado alinhados às autoridades econômicas do governo Temer anunciando que nos próximos meses tudo vai melhorar. Previsões e equívocos à parte, o fato é que a economia brasileira andou de lado e deve registrar uma oscilação positiva do PIB muito próxima da taxa de crescimento da população, o que significa que a renda per capita tende a ficar estacionada em um patamar quase 10% abaixo do que era em 2014.
Na análise Territorial, o boletim destaca que o período pós-golpe foi caracterizado por um conjunto de medidas que representaram retrocesso para a política agrária e rural brasileira. Essas mudanças se manifestaram pela movimentação da bancada ruralista do Congresso Nacional por meio de um conjunto de instrumentos (medidas provisórias, decretos e projetos de lei) que visam favorecer o agronegócio e os grandes proprietários de terra.
Na seção de Comunicação, analisa-se o comportamento dos grandes grupos de comunicação em 2017, que se dedicaram a proteger o governo golpista atingido por denúncias de corrupção, fizeram propaganda enganosa sobre o pífio resultado da economia e, em troca, foram contemplados com aumento da verba publicitária federal. Também trata dos principais fatos que mobilizaram as redes sociais e da cobertura feita por veículos internacionais sobre temas da política brasileira, que vem perdendo espaço.
Por último, na parte de Movimentos Sociais, a opinião pública e a capacidade estratégica de lidar com uma democracia falida indicam a impressão geral sobre 2017. Aqueles que conseguiram resistir e vislumbrar um horizonte da construção de um projeto para o Brasil deram o tom das mobilizações neste ano. Dessa forma, cresce na sociedade a defesa pela construção de um modelo de Estado capaz de mudar o Brasil de novo.
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