Estados Unidos abandonam pacto da ONU sobre migrantes
Em mais uma ação que enfraquece o multilateralismo, os Estados Unidos anunciaram no domingo, 3 de outubro, que irão se retirar do pacto global sobre migrantes e refugiados discutido no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e previsto para ser concluído em 2018. Para o governo de Donald Trump, participar deste pacto não estaria de acordo com suas pretensões sobre política migratória.
O mesmo começou a ser negociado em 2016 através da Declaração de Nova Iorque, assinada por 193 países, a qual propõe que as questões sobre migrantes e refugiados sejam geridas nas instâncias internacionais e não em cada país isoladamente. Além disso, a Declaração citada pede para que os signatários realizem projetos de reassentamentos e reuniões familiares dos refugiados e para que os países mais ricos tomem para si a responsabilidade de financiar operações humanitárias e comunidades que abrigam refugiados.
O lema “America First” está sendo fielmente aplicado na política externa estadunidense e a administração Trump é contra ceder um pouco de soberania para formular medidas sobre migrantes e refugiados, o que seria preciso caso o país continuasse nas negociações sobre o pacto. Segundo a porta-voz estadunidense na ONU, Nikki Haley, a abordagem global não seria compatível com a pretensão do governo de decidir suas próprias políticas em relação à migração.
O argumento utilizado para tirar os Estados Unidos do pacto faz sentido, pois um presidente que propõe a criação de um muro na fronteira com o México e que construiu sua candidatura sob bases xenófobas não quer se submeter a um acordo global com contornos progressistas.
A decisão do governo Trump segue o caminho de outras que ele já tomou frente às organizações e acordos internacionais e que enfraquecem o multilateralismo. A primeira delas foi a retirada dos Estados Unidos da Parceria Transpacífico (o famoso TPP em sua sigla em inglês), depois a saída do Acordo de Paris sobre o clima e, mais recentemente, da Unesco.