Umas das consequências do caminho econômico e político trilhado pelo governo Temer é a desigualdade. E ela vem aumentando substancialmente desde o 3º trimestre de 2016. No Nordeste, no entanto, esta desigualdade cresceu quatro vezes mais do que no Sudeste, ou ainda duas vezes mais do que no Sul, no mesmo período.

Conforme expõe o quadro 1, a participação dos rendimentos dos trabalhadores negros na renda dos não-negros no Nordeste era de 64,9% no segundo trimestre de 2016, e reduziu para 59,8% cinco trimestres depois. A região Norte também apresentou um significativo aumento desta desigualdade, e a proporção foi de 65% para 61,8% no mesmo período, uma redução de 3,2 pontos percentuais (pp).
O Sudeste demonstrou menor redução, 1,2 pp, e a região Centro-Oeste foi a única que apresentou melhora neste indicador, pois a proporção da renda do trabalhador negro em relação ao não-negro subiu de 64,6% para 66,3%:, a menor desigualdade regional do país.
Quadro 1 – Variação da proporção da renda dos ocupados


Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNAD Contínua Trimestral/IBGE.

Pode-se observar, no quadro 2, que Rondônia e Roraima são os estados menos desiguais do país neste aspecto. Neles, os negros ocupados recebem cerca de 81,2% e 78,2%, respectivamente, da remuneração dos não-negros ocupados. Já o Amazonas, Pernambuco e São Paulo são os estados onde o negro ocupado enfrenta as maiores desigualdades. Sua remuneração corresponde a apenas 50,6%, 51,6% e 52,1% da remuneração dos não-negros, respectivamente.
Em média, o maior salário do país oferecido a este público se dá no Distrito Federal, R$ 2.918,74. No entanto isso corresponde a cerca de 56,8% do que recebe o não-negro pela sua mão-de-obra, em média. Já o Maranhão, com remuneração média de R$ 1.088,37, Alagoas, R$ 1.147,40, e o Ceará, R$ 1.169,33, ofertam os menores salários do país.

Quadro 2. Rendimento e variação da proporção do rendimento

Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da Pnad Contínua Trimestral/IBGE

No entanto, algumas dessas situações eram substancialmente diferentes cinco trimestres atrás. A redução de 1,3 ponto percentual na participação da remuneração dos negros no país, do segundo trimestre de 2016 ao terceiro de 2017, foi maior em alguns estados, principalmente para a maioria dos do Norte-Nordeste. No Amapá, a redução dessa participação foi de quase 20 pp, de 83,2%, a então melhor do país, para 63,7%, a 13ª melhor. Todavia, também apresentaram considerável aumento da desigualdade, as seguintes unidades da federação: Maranhão (-16 pp), Rio Grande do Norte (-11,6 pp), Tocantins (-8,6 pp), Sergipe (-7 pp), Bahia (-6,8 pp), Pará (-5,4 pp), Santa Catarina (-5,4 pp) e Pernambuco (-5 pp).

Das 27 unidades federativas brasileiras, apenas 8 apresentaram melhoras neste indicador. Os destaques positivos são: Roraima (+17,8 pp), Rio de Janeiro (+6,5 pp), Piauí (+6,2 pp) e Distrito Federal (+5,8pp).

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