‘Em casa com monstros’: incursão ao mundo de Guillermo del Toro
A exposição especial do cineasta Guilhermo del Toro “Em casa com monstros” (At home with monsters ), em exibição na Art Gallery of Ontario (Toronto, Canadá), é uma incursão à excêntrica casa do artista (chamada Bleak House) e ao seu mundo pessoal de monstros.
Em um vídeo inicial na entrada da exposição, o cineasta explica que vive em uma casa em que coleciona todos os brinquedos que já teve na vida, todos os livros que já leu na vida, bem como uma série de filmes e objetos de colecionador relacionados ao terror e ao mundo da fantasia. Talvez dessa coleção de obras de arte de todo o mundo venha parte de sua inspiração para fantásticas criações, como no filme Labirinto do Fauno, a Espinha do Diabo, Hellboy, entre tantos outros.
A exposição passa por temas ligados a infância (que parece ter sido complicada no caso de del Toro e repleta de conflitos em relação ao catolicismo fervoroso da avó que o criou) e inocência, era vitoriana, morte e a vida após a morte, magia, ocultismo, alquimia, Frankenstein e horror, monstros, filmes, histórias em quadrinhos e cultura popular.
Del Toro afirma: “Há algo comovente sobre a morte e a decadência. Mas, para o mundo ocidental, a morte é negativa. E para mim não é! É na verdade a própria essência da vida”. Talvez em parte isso se deva à origem do cineasta: o México, sua pátria, celebra a morte de um jeito peculiar. O “dia de los muertos”, festejado entre 31 de outubro e 2 de novembro, é um período de festas populares em que se celebra que os mortos voltam para visitar seus parentes, em um costume de origem indígena, anterior à invasão dos europeus ao que hoje é a América.
Mas uma das figuras mais impactantes da exposição é o Pale Man (Homem pálido), uma escultura que representa um homem flácido com olhos nas mãos, personagem do filme Labirinto do Fauno. No filme, o homem pálido come fadas e criancinhas, mas no clima político de hoje, segundo os curadores da exposição, del Toro vê o homem pálido como um exemplo da supremacia branca e patriarcal.
Os curadores relembram que, logo após a posse de Donald Trump em 2017, del Toro twittou: “O homem pálido representa todo o mal institucional que se alimenta dos vulneráveis. Não é acidental que ele seja a) pálido b) um homem. Ele está prosperando agora”. Ao final da exposição, acima de uma misteriosa foto de Del Toro junto ao Frankstein, lê-se uma frase do cineasta: “A razão pela qual eu crio monstros e os amo é que eu acho que eles falam com uma parte muito profunda e espiritual de nós. É meu maior desejo que, agora que você deixa essa exibição, que os monstros te sigam para casa e que vivam com você pelo resto de sua vida”.
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