A desigualdade passou a ser um tema central nos últimos anos, especialmente nos países ricos. Novos artigos da International Politics and Society – um periódico que discute temas internacionais ligados à desigualdade e mantido pela Friedrich Ebert Stiftung da Alemanha – tratam da desigualdade a nível global e de como combatê-la.

A diretora executiva do The Equality Trust, Wanda Wyporska, discute que os países mais ricos ainda conseguem reduzir a desigualdade por meio do sistema tributário e fiscal, apesar de em diferentes magnitudes: os países nórdicos alcançam taxas de redistribuição mais altas que o Reino Unido por exemplo, que também é ultrapassado pela Bélgica, França, Alemanha e Irlanda. Mas outros países, como o Japão, partem de uma desigualdade muito mais baixa e por isso o papel da tributação e da política fiscal na redução da desigualdade é bem menor.

Quanto a fatores que ampliam a desigualdade, a autora chama atenção para o fato de que em países mais desiguais como o Reino Unido o pagamento de executivos acelerou desde a crise mundial, enquanto o pagamento dos trabalhadores estagnou. Por outro lado, em países mais igualitários, empresas tendem a levar mais em consideração as opiniões dos trabalhadores e tem representantes dos trabalhadores nas juntas diretivas das empresas.

Já o diretor do Economic and Political Development Concentration in the School of International and Public Affairs, na Universidade de Columbia, José Antonio Ocampo relembra que a desigualdade dentro dos países caiu entre 1920 e 1960, em especial nos países desenvolvidos, graças ao welfare state e a taxação progressiva, mas que tal tendência foi revertida e a partir dos 1980 a desigualdade crescente se tornou a maior tendência negativa global.

Por outro lado, uma desigualdade em queda entre os países serviu para moderar essa tendência, segundo o autor, na última década do século 20 e particularmente na primeira década do século 21, mas o autor aponta que essa tendência parece ter terminado. Assim, defende que sejam reconstruídos welfare states efetivos (que estão sendo, na verdade, enfraquecidos onde eram fortes ou nunca foram construídos em outros países).

Ocampo também advoga por sistemas de proteção social universais, que são instrumentos muito melhores de redistribuição que políticas focalizadas, e por aumento dos salários mínimos e ampliação dos direitos trabalhistas e sindicais, bem como uma atenção especial a desigualdades de gênero no mercado de trabalho.

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