A primeira visita oficial do presidente dos EUA, Donald Trump à Ásia, terminou na terça-feira, 14 de novembro. Com paradas no Japão, Coreia do Sul, China, Vietnã e Filipinas, a viagem teve tom belicoso e apresentou uma agenda de possível cooperação entre os países mencionados contra a Coréia do Norte, ao mesmo tempo que justificava o protecionismo econômico dos EUA.

No Japão, Trump foi particularmente agressivo em relação a Pyongyang e foi apoiado pelo primeiro-ministro, reeleito antecipadamente em outubro, Shinzu Abe. A estratégia de Abe, ao convocar eleições antes do previsto, foi a de fortalecer seu mandato para conseguir modificar o artigo nove da Constituição japonesa, que estabelece papel apenas defensivo para as forças militares do país. Abe, assim como governantes japoneses anteriores já fizeram, utiliza o programa nuclear norte coreano como justificativa para o rearmamento do Japão.

A ironia é um país aliar-se militarmente a outro que o atacou com duas bombas atômicas sem necessidade. E não devemos esquecer que o artigo mencionado acima foi uma imposição dos Estados Unidos após o término da Segunda Guerra Mundial. Além disso, considerando a história das relações entre Japão e Coréia do Norte, é a última que deveria temer o primeiro, já que os japoneses, durante sua expansão imperialista no início do século 20, ocuparam o território coreano por 35 anos, o que resuklou em graves violações de direitos humanos.
Nas visitas aos demais países, Trump manteve o discurso belicoso contra os norte-coreanos, porém, também deu ênfase aos negócios bilaterais. Na China, por exemplo, foi fechado um acordo de mais de duzentos bilhões de dólares que compŕeende os setores tecnológico, automobilístico, energético e aeronáutico.

Entretanto, o foco nos acordos bilaterais deu-se em detrimento do multilateralismo. Durante a visita de Trump, os países asiáticos que fazem parte da Parceria Transpacífico (TPP) concordaram em dar continuidade ao acordo, mesmo sem a presença dos EUA.     O TPP foi pensado inicialmente como um mecanismo econômico em contraposição à China na Ásia. Entretanto, após a saída dos EUA, os países restantes pensaram em incluir justamente a China, a segunda potência econômica mundial no acordo. Ou seja, com o vácuo deixado pelos estadunidenses, a China ocupa cada vez mais o lugar de potência principal nos espaços multilaterais.

Em um balanço pragmático, pode-se dizer que a viagem à Ásia não teve grandes surpresas. Trump continua forçando uma possível guerra com a Coréia do Norte e continua fazendo valer o “America First”, sem pensar nas conseqüências que o abandono do multilateralismo pode provocar.

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