Na luta por moradia, rostos esperam por dias melhores
Um dos principais objetivos do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto é a luta por reforma urbana, fazer valer o que diz a Constituição Federal: todo cidadão tem direito a moradia. Além de proporcionar dignidade e oportunidade de um teto para descansar, o MTST trouxe a esperança e a expectativa de dias melhores para a militância que acredita no coletivo, que juntos são mais fortes e podem superar a sociedade individualista construída sob a ideologia do capitalismo.
Os rostos por de trás da bandeira vermelha do movimento são de pessoas comuns, simples e principalmente trabalhadoras. Édipo Evangelista da Silva, de 26 anos, e sua companheira, Emanuela Raquel Pereira, de 24, são exemplos disso. Moradores de Itaquera, lutam por seu terreno em São Bernardo do Campo, ao lado de mais de doze mil pessoas que compartilham o mesmo sonho.
Silva já participou de algumas ocupações em Guaianazes, na Zona Leste paulistana, e conta sobre a importância do MTST: “É uma luta para o povo, que quer conquistar a sua casa e o seu espaço da melhor forma”. Em meio a tantos barracos que sofrem com a chuva e o sol forte, ele diz que o mais sente falta é dos produtos de higiene pessoal. O movimento não aceita dinheiro, então produtos como pasta de dente, sabonete, roupas, alimentos, são sempre bem vindos.
O auxiliar de produção Vanclei Batista de Almeida chegou à ocupação há 44 dias, com a esposa e a sogra. “Vim porque não pago aluguel, trabalho mas estou afastado e está muito caro. Vim trazer uma pessoa que me pediu carona, entrei e estou aqui hoje. Tenho um sonho de que cada pessoa que está aqui, lutadores, batalhadores, possam morar juntos. E continuar o trabalho, começar outros, pois muita família lá fora estão na mesma situação que a gente”.
A paulistana criada em Minas Gerais Andreia dos Santos Bilaque, que tem 44 anos, possui um barraco com o seu marido na mesma ocupação em que estão Edipo e Emanuela. Seu espaço modesto é todo enfeitado, limpo, colorido e ilustra bem a valorização que dá ao lugar. Ela ajuda a cozinhar para mais de quatro mil pessoas. “Aprendi aqui principalmente humildade e união. O MTST é bom porque dá oportunidade, e, se não conseguirmos o terreno aqui, creio que vamos conseguir em outro lugar. Já tem 24 anos que estou em São Paulo e desde então quero o que é meu, não consegui ter uma casa. Daí achei essa oportunidade”, disse.
Lucas Santos Pinheiro, de 26 anos, está lá desde o início da invasão, em 2 de setembro. Como sua primeira experiência em uma ocupação, ele conta: “aqui estou aprendendo a lidar com as pessoas, porque só coletivamente podemos aprender.”
Além de buscar uma sociedade mais igualitária onde todos possam exercer direitos básicos, o MTST ensina e aprende a trabalhar dentro de uma comunidade onde todos se ajudam. Ali, uma pessoa sozinha não faz diferença, mas 12 mil sim, por isso, como disse Karl Marx: trabalhadores do mundo: uni-vos.