O dilema da legitimidade da reforma trabalhista
A grande imprensa defende a reforma trabalhista. Parlamentares golpistas afirmam categoricamente que a mudança é um avanço pro Brasil. As entidades patronais fizeram e fazem desse processo um carnaval de emoções. E o povo?
A democracia, tal qual está dimensionada pela Constituição, depende diretamente de um diálogo social permanente entre as diferentes forças da sociedade, com a necessária presença constante da classe trabalhadora. Contradições dessa afirmação à parte, o fato é que o governo golpista existe para tirar o povo do processo político, e por isso ele é cada vez menos legítimo.
Horas antes do início da vigência do maior ataque à classe trabalhadora pós 88, a Vox Populi, em pesquisa encomendada pela CUT, divulgou que 81% do povo brasileiro rejeita a reforma trabalhista. Esse percentual é próximo à rejeição do governo golpista.
Em nota divulgada pela CUT, o presidente da central, Vagner Freitas, afirmou que “quanto mais se informam sobre a reforma, mais os trabalhadores rejeitam as mudanças na CLT que o empresariado mais conservador e ganancioso mandou Temer encaminhar para aprovação no Congresso”.
Dessa forma, o dilema da legitimidade da reforma é o mesmo da legitimidade do governo golpista: rupturas democráticas são impossíveis de garantir apoio social. Nessa sexta, véspera do início da vigência dessa tragédia, milhares de trabalhadores e trabalhadoras vão se mobilizar para pedir a revogação desse verdadeiro crime social.
E é preciso que se diga: esse crime social foi liderado por um governo golpista, é verdade, mas foi fragorosamente apoiado por parlamentares devidamente eleitos pelo povo. É por isso que a retomada democrática é o elemento mais fundamental para o povo brasileiro nesse momento. Porque apenas nesse ambiente é possível a devida cobrança aos representantes que cometeram essa atrocidade com a classe trabalhadora.
Lembrando Quincas Borba, “se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”
Parabéns golpistas pelo nada que vocês ganharam com essa história. Vocês só criaram mais dor e sofrimento ao povo brasileiro. E a ele restará refletir se deixará “ousarem duvidar novamente da classe trabalhadora”.
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