Nas eleições para governadores de estados na Venezuela, realizadas no dia 15 de outubro, o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) foi amplamente vitorioso ao eleger dezoito dos 23 governadores do país, inclusive em Miranda, estado governado por Henrique Capriles desde 2008, um dos mais importantes líderes da oposição ao governo de Nicolás Maduro e que concorreu contra ele nas últimas eleições presidenciais.

No entanto, a Mesa de Unidade Democrática (MUD) ampliou sua representação ao eleger cinco governadores, dois a mais do que os eleitos em 2012. Os estados onde o MUD venceu são Anzoátegui, Mérida, Nueva Esparta,Táchira e Zulia, sendo que este último é um dos estados mais ricos do país.

Aproximadamente 61% dos eleitores compareceram para votar e obviamente a oposição alegou fraude para justificar seu mau resultado, pois vinham anunciando que elegeriam os governadores na maioria dos estados. Estados Unidos e França também anunciaram que não reconhecem o resultado. O que era de se esperar, pois o que querem, realmente, não é discutir o mérito da democracia venezuelana e sim mudar o regime do país a qualquer custo e tomar conta do petróleo do país como faziam no passado.

Para fundamentar a acusação de fraude mencionam que o governo federal interferiu em favor do PSUV com a distribuição de benesses para os eleitores, que alterou os locais de votação onde a oposição seria mais forte e que o sinal de internet foi interrompido em vários locais durante a apuração. São alegações que não se sustentam, pois a mudança dos locais de votação foi anunciada com antecedência e o sistema de votação na Venezuela é um dos mais seguros do mundo, conforme já afirmou o “Carter Centre” ao acompanhar eleições anteriores na Venezuela. Esta segurança quanto à lisura da coleta dos votos decorre do fato de os eleitores terem registro biométrico, o que impede que alguém vote no lugar de outro eleitor e votam ao mesmo tempo em cédulas e eletronicamente. Depois há uma auditoria em 30% das urnas para checar a consistência do resultado entre as duas coletas de votos.

O que realmente prejudicou a oposição foi a abstenção de 39% conforme reconheceu um dos integrantes do MUD, o deputado federal José Guerra. Ademais, setores da oposição, como o liderado pela ex-deputada Maria Corina Machado, fez campanha pela abstenção sob o argumento de que votar implicaria em reconhecer o governo e a Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

O presidente Nicolás Maduro vem comentando que somente daria posse aos oposicionistas que reconheçam a ANC. Como foi ela quem decidiu antecipar as eleições de dezembro para outubro, o que contribuiu para relaxar o clima político no país, e a maioria dos partidos de oposição aceitou este cronograma, na prática estes partidos também aceitaram a autoridade da Assembleia. Diante disso, a posição do presidente tem lógica, porém é previsível que eventuais impedimentos de posse darão novos argumentos para as acusações de autoritarismo que pesam sobre o governo venezuelano e também significaria um desprezo aos que votaram nos cinco governadores eleitos pela oposição.

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