FMI descobre a pólvora: empregos precários prejudicam salários
A estratégia neoliberal de flexibilização das leis trabalhistas como alternativa para a ampliação do volume de empregos vai produzindo seus frutos indigestos, mesmo entre as economias ditas avançadas. Segundo o insuspeito relatório anual do FMI – World Economic Outlook 2017 – apesar dos indicadores de desemprego terem registrado uma tendência de queda nos últimos anos, esse processo se deu em prejuízo da qualidade dos postos de trabalho, isto é, a partir da expansão do número de trabalhadores subocupados – em especial daqueles que estão involuntariamente ocupados em um emprego de tempo parcial ou por prazo determinado.
Consequentemente, para susto geral do FMI e das hordas de economistas neoliberais que se multiplicam pelo mundo, a tendência de queda das taxas de desemprego não tem levado a uma recuperação dos salários nominais, prejudicando a demanda e mantendo as taxas de inflação em patamares perigosamente baixos.
Como se não bastasse, o estudo do FMI revela ainda que esse processo foi acompanhado também de um aumento das taxas de participação (i.e., tem mais gente disposta a trabalhar, especialmente entre os que têm mais de 54 anos de idade), de uma estagnação das taxas de produtividade do trabalho e de uma redução do diferencial salarial associado a melhores qualificações do trabalhador.
Ou seja, noves fora e perplexidades à parte, tardiamente a tecnocracia econômica que governa o mundo vai se dando conta do fracasso produzido pelas políticas econômicas que preconizaram para enfrentar a crise financeira de 2008, especialmente a liberalização trabalhista e a austeridade fiscal.
É uma pena que neste Brasil golpeado a quadrilha que tomou de assalto o poder use de um arsenal político pouco cheiroso para empurrar goela abaixo um futuro que já caiu de podre no resto do mundo.