A Polícia Federal remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira um relatório que aponta indícios de que uma organização criminosa foi formada por membros do PMDB ligados a Michel Temer, incluindo o presidente. De acordo com o relatório, a organização foi formada por Michel Temer, Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha, todos membros ou ex-membros da Câmara dos Deputados, além de assessores e operadores, como José Yunes e Lúcio Funaro. Na semana anterior, o grupo ligado ao PMDB do Senado foi denunciado ao STF pela Procuradoria-Geral da República.

De acordo com a Polícia Federal, a organização foi formada com o objetivo de obter vantagens indevidas dentro da administração federal e da Petrobras e cometeu os crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, entre outros. Segundo a investigação, Temer recebeu aproximadamente 31 milhões de reais em vantagens indevidas enquanto parte da organização criminosa. Dentro do PMDB, era ele que decidia quem indicar para cargos estratégicos dentro da administração pública. O relatório dá força para uma nova denúncia contra Michel Temer.

Para a PF, Cunha tinha a função de negociar e desenvolver os aspectos obscuros das operações, enquanto Temer oficializava os atos. Nos fatídicos áudios de Romero Jucá (PMDB-RR) em conversa com Sergio Machado, gravados por este, o senador peemedebista chegou a referir-se à oposição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ao “grande acordo nacional” pra “botar o Michel” por ter considerado que “Michel [Temer] é Eduardo Cunha”. Em um vídeo veiculado nas redes sociais, Temer chega a declarar a integrantes da igreja evangélica à qual Cunha pertence que “as tarefas mais difíceis” ele delegava “à fé do deputado Eduardo Cunha”.

Os principais membros da organização criminosa são ou foram indicados para serem ministros de Temer desde o primeiro dia do presidente no Planalto, após o golpe, à exceção de Eduardo Cunha. Henrique Alves foi indicado para o Turismo; Moreira Franco para a secretaria do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) e depois para Secretaria-Geral da Presidência, ganhando foro privilegiado simultaneamente ao avanço das investigações; Geddel Vieira Lima para a Secretaria de Governo; e Eliseu Padilha para a Casa-Civil. Todos, em especial Franco, Padilha e Cunha, foram articuladores de Temer na derrubada do governo legítimo da presidenta Dilma Rousseff.

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