Direita se apressa em receitas antipopulares e antinacionais
A edição de agosto do Boletim de Análise da Conjuntura da Fundação Perseu Abramo coincide com o momento em que se inicia a caravana Lula pelo Brasil na região Nordeste, atraindo o entusiasmo de multidões por onde passa. Mostra assim que grande parte da população, que rejeita Temer, o golpe e as medidas anti povo, deposita suas esperanças no retorno do Lula e do PT ao governo.
Enquanto não se acumulam forças e condições políticas para uma contraofensiva popular, a direita se apressa em aplicar as receitas antipopulares e antinacionais.
A seção Golpe contra o Estado, que abre o boletim, mostra que a partir deste segundo semestre o governo federal vai implementar o maior programa de privatização de águas de que se tem notícias. Assim, deixa de priorizar a segurança e a universalização do acesso à água e ao saneamento para atrair capitais privados, nacionais e internacionais, e converter esse bem comum em commodity.
A parte Internacional enfoca como o governo venezuelano retomou seu protagonismo político, e as ameaças de Trump de intervir militarmente na Venezuela foram um “tiro no pé”. Comenta também as complicações políticas do presidente estadunidense ao vacilar em condenar claramente os supremacistas brancos que estão se manifestando com violência contra as minorias e migrantes nos Estados Unidos.
O capítulo de Política e Opinião Pública mostra que uma das principais pautas do Legislativo neste mês foram as medidas que fazem parte da Reforma Política, entre elas as possíveis mudanças no sistema eleitoral e de governo, que podem vir a representar mais um golpe dentro do golpe, e a investida da coalizão golpista para interditar a candidatura Lula.
Já o tema tratado em Social é o comportamento dos últimos indicadores, que apontam um crescimento do emprego no Brasil. Porém, como mostra a análise, essa recuperação não repõe sequer o que se perdeu no último ano e vem acompanhada do aumento da subutilização da força de trabalho, sinal da precarização crescente que tende a dominar o mundo do trabalho pós-golpe de 2016.
Entre os temas de Economia, o boletim aponta o desastre da política de austeridade, revelado por mais uma revisão da meta de déficit fiscal, sem dúvida o principal episódio que marcou a conjuntura econômica nesse mês de agosto. A frustração de receitas do governo, ao lado de novas despesas abertas para agradar a base fisiológica e garantir o engavetamento das denúncias contra Temer, fez necessário alargar novamente o orçamento do governo federal, agora em vinte bilhões de reais.
A seção Territorial mostra que os conflitos no campo aumentaram no período pós-golpe devido à ascensão das pautas defendidas pelos ruralistas e englobadas pelo governo federal. Ao mesmo tempo, houve enfraquecimento político de temas como o combate ao trabalho escravo, a reforma agrária e a defesa dos direitos indígenas.
Na Comunicação, o boletim aborda o vertiginoso crescimento nas redes sociais da caravana Lula Pelo Brasil, realizada para contrapor uma agenda de intensos ataques e calúnias contra o ex-presidente. Destaca ainda a divisão dos grandes grupos da imprensa nacional em relação à votação pela Câmara dos Deputados da denúncia que decidiu pelo não afastamento de Michel Temer do cargo de presidente da República.
Para fechar o boletim, a seção de Movimentos Sociais mostra que se o último período de luta contra o golpe não foi marcado por grandes mobilizações unitárias, se vê, no entanto, um conjunto de movimentos sociais que demonstram que há, sim, resistências em várias frentes. Leia aqui o boletim completo.