Documentário ajuda a entender crise na Venezuela
No documentário de Kim Bartley e Donnacha O’Briain A revolução não será televisionada são apresentados os momentos que antecedem a tentativa de golpe sofrida por Hugo Chávez em 2002. É enfatizado o papel dos meios de comunicação privados em sua arquitetura.
A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo e é um país que tem como base da sua economia esse insumo. Chávez, ao ser eleito, prometeu redistribuir a renda gerada pelo petróleo e transformá-la em gastos para reformas sociais, melhorando a condição do povo venezuelano. Isso passaria, consequentemente, pela nacionalização da Petróleos de Venezuela (PDVSA) e pelo enfrentamento aos interesses das elites.
As classes mais altas, com o apoio dos Estados Unidos, começaram a utilizar a mídia como instrumento para se opor ao governo. O único canal ao qual Chávez tinha acesso e podia utilizar para fazer seus pronunciamentos era o Canal 8, estatal. Os privados, então, incitavam a população a fazer protestos contra presidente venezuelano e procuravam difamá-lo.
Isso culminou em fortes manifestações em abril de 2002, nas quais a oposição e os chavistas se enfrentaram na frente do Palácio Miraflores. O presidente foi sequestrado e, assim, Pedro Carmona tomou o poder. Entretanto, com a ajuda da guarda presidencial e da população, após dois dias, Chávez retornou à presidência.
O documentário é muito bom para pensarmos o papel da mídia nos círculos de poder e como ela pode influenciar a população. Com a manipulação de imagens e com a sabotagem ao Canal 8, os meios privados foram grandes atores do golpe. Recentemente, isso está se repetindo, infelizmente. A mídia hegemônica, alinhada com os interesses imperialista, repete diariamente que Nicolás Maduro é um ditador, apoiando a oposição na crise venezuelana e dando voz a apenas uma narrativa.
Portanto, o documentário nos alerta: é preciso, face ao momento sensível que a Venezuela passa, disputar tal narrativa sobre os fatos que estão ocorrendo. Deve-se tentar informar a população sobre o que de fato ocorre no país: mais uma investida da oposição para conquistar o poder a qualquer custo, passando por cima de medidas democráticas.
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