Em julho de 2015, o BC registrou R$ 3.111 bilhões em empréstimos, operações do sistema bancário equivalentes a 54,5% do PIB. Os bancos receberam por esses empréstimos R$ 880 bilhões, 15,4 % do PIB, a partir de juros reis médios de 28,5% a.a., contra uma média europeia de 3% a 5%.

Os bancos e todo o sistema financeiro de intermediários assumiram o controle da economia e subjugam o produtor e o consumidor, as empresas e os cidadãos que pagam a conta.

De uma atividade meio, o sistema bancário e financeiro brasileiro se transformou em atividade fim. Sua produtividade, que deveria depender de sua contribuição para o ciclo econômico real, passou a ser resultado de seu lucro, do que se apropria da economia real, inclusive das aplicações financeiras com a dívida pública, sua tesouraria.

Em 2015, segundo o BC, os bancos cobravam juros de 104% no crédito comercial; 403% no crédito rotativo; 253,2% no cheque especial; 25% a 30% no crédito consignado. Para pessoa física, 103%.

E evidente que parte fundamental da renda nacional é apropriada pelos bancos via juros, sem nenhuma razão econômica que a justifique a não ser o poder político e o poder econômico que controlam e exercem. Os efeitos e as consequências dessa apropriação são fatais para o crescimento e acarretam uma extraordinária concentração de renda, agravada pela estrutura tributária e pelos pagamentos de juros da dívida interna.

Nos últimos anos, a expropriação das famílias é cada vez maior: em 2005, 19, 3% da renda familiar era dirigida ao pagamento de dívidas; em 2015, 46,5% , basicamente por conta dos altíssimos juros. No setor produtivo, a realidade não é diferente. O juro do capital de giro é de 24%, o de duplicatas de 35%. Para se ter uma ideia, na zona do Euro é de 2,20% ( BCE).

Os juros no Brasil são um obstáculo, uma trava ao investimento e ao consumo das empresas e famílias. Os preços finais com juros são, em média, 2 vezes os preços à vista do bem de consumo. Parte fundamental do lucro das empresas é apropriada pelo sistema bancário e se expressa no ditado popular “trabalho para o banco”. Tudo se agrava com o papel da dívida pública, onde os altos juros, acima do lucro médio da economia, desviam centenas de bilhões de reais — lucros das empresas, renda das pessoas físicas para a aplicação em títulos públicos com risco zero, liquidez total e renda superior à da atividade produtiva.

Com a demanda das famílias, o consumo, o mercado interno é decisivo para o crescimento ao lado do investimento público e privado, do crédito acessível e viável. Mas os efeitos das taxas de juros praticados no Brasil impedem, na prática, o desenvolvimento. Leia aqui o artigo completo.

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