O desastre nas contas públicas provocado pela contraproducente política de austeridade fiscal tem levado o governo a seguidos cortes das verbas para o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia no país, o que deverá produzir um trágico retrocesso em uma área crucial para a construção de um futuro melhor ao país e na qual ainda estamos muito distantes dos líderes mundiais.

Como demonstram os números da World Intellectual Property Organization – WIPO, embora o Brasil tenha conseguido ampliar em 75% o número de patentes registradas entre 2000 e 2015, já superando o desempenho de algumas nações de renda alta como França, Austrália ou Reino Unido (veja tabela abaixo), ainda assim ficamos um pouco abaixo do crescimento médio mundial (110%) e muitíssimo atrás de nossos mais notáveis parceiros de BRICS, cujos números de patentes registradas parecem ter avançado à velocidade da luz.

Enquanto a Índia conseguiu saltar de minguadas 8,5 mil patentes registradas em 2000 para 45,6 mil em 2015, a China foi capaz de promover um extraordinário avanço de mais de 2.000%, tornando-se em 2015 palco para o registro de 1,1 milhão de patentes, mais de um terço do total mundial.

Para melhor entender essa gigantesca diferença entre os desempenhos é preciso lembrar que tais números refletem em grande medida o grau de integração de cada economia às cadeias globais de valor. Como a China é hoje a principal plataforma da manufatura mundial, não é de se estranhar que empresas de todo o canto procurem registrar suas patentes por lá, pois de lá produzirão e exportarão para o mundo. Por seu turno, para bem ou para mal, o Brasil ainda é um país pouco integrado a esse circuito mundial de mercadorias e cada vez mais nossa participação se concentra na produção de commodities ou de bens semimanufaturados que são pouco intensivos em inovação e tecnologia.

Entretanto, justamente por conta desse nosso atraso, mais do que nunca deveríamos realizar um grande esforço nacional capaz ao menos de dar continuidade à trajetória de expansão que foi observada nos primeiros anos deste século.

Infelizmente, contudo, como somos obrigados a saber a cada novo dia, o governo golpista e corrupto de Michel Temer prefere limar as verbas do CNPq – acabando com as bolsas para projetos de iniciação científica de jovens na graduação – para que sobre algum trocado capaz de pagar pelos votos no Congresso ou comprar a complacência das elites por meio de generosos planos de perdão e refinanciamento de dívidas. Durma-se com um silencio desses!

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