Os números da produção industrial no mês de junho, revelados pela última Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE), trouxeram preocupação àqueles que apostavam que o setor ensaiava uma recuperação. No cômputo geral, em junho a indústria registrou variação nula (0,0%) com relação ao mês anterior e de -1,9% no acumulado nos últimos doze meses.
Conforme destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), em sua Carta IEDI Nº 799, depois de alguns meses com variações positivas, puxadas principalmente pela excepcional safra de grãos e pela expectativa de expansão do consumo decorrente da liberação do FGTS, o resultado de junho “mostra o quão frágil é o atual quadro do setor que, por enquanto, parece mais com uma interrupção das perdas do que com uma recuperação de fato”.
Entre os setores que mais contribuíram para o mau resultado do mês de junho merecem destaque as quedas da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,9%), de produtos farmacêuticos (-9,2%) e de derivados de petróleo e biocombustíveis (-1,7%).
No entanto, mais preocupantes são as expectativas para o segundo semestre, que não autorizam a apostar na ocorrência de fatores capazes de reanimar a produção industrial até o final do ano, diferentemente do que espera o IEDI. A taxa de juros Selic, por exemplo, embora venha caindo em termos nominais, não tem sido reduzida com a intensidade necessária e, consequentemente, a taxa de juros real permanece extremamente elevada, ainda em torno de 4% a.a.
No front fiscal, a miragem da política de austeridade deverá levar a novas rodadas de cortes nos gastos discricionários do governo federal, o que rebaterá diretamente em queda da demanda por bens industriais. Além disso, como o impulso inicial da safra agrícola vai perdendo força, a não ser por um improvável aumento extraordinário da demanda externa, não há de fato nenhuma luz no fim do túnel capaz de sustentar a expectativa de recuperação da produção industrial ainda em 2017.

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