Desde que assumiu como ministro da Fazenda, o banqueiro Henrique Meirelles tem se notabilizado por fazer previsões otimistas sobre a economia brasileira que são sistematicamente frustradas pela dura realidade dos fatos, muitos dos quais resultantes de seus próprios atos.

Já em 8 de junho de 2016, menos de um mês depois de assumir o cargo, dizia ele em entrevista coletiva (veja o vídeo aqui): “não tenho a menor dúvida de que, no momento em que tudo isso tenha o curso normal, seja aprovado pelo Congresso todo esse conjunto de medidas, de que chegaremos nos próximos trimestres a retomar crescimento no Brasil… num ritmo que pode surpreender”.

Dois meses depois, no dia 16 de agosto de 2016, o homem dos bancos em Brasília declarava sem meias palavras “que todas as indicações são de que haverá crescimento da economia e da arrecadação em 2017” (Leia aqui). Na mesma ocasião, os jornais nos avisavam que o governo havia revisado a meta de crescimento para 2017 de 1,2% para 1,6% – àquela altura, contudo, o FMI já previa um crescimento de apenas 0,5% para o mesmo ano!

Mas para o incansável Meirelles, não havia tempo ruim. Apenas uma semana depois, voltou a público para cravar: “o PIB já mostrará crescimento no último trimestre [de 2016]… haverá, nessa esteira, a recuperação no consumo das famílias e nos investimentos – estes tendem a reagir mais rápido”.

E assim se sucederam muitas e muitas falas do ministro, sempre rolando escada acima, enquanto o Brasil seguia ladeira abaixo. No início de novembro disse que o crescimento de 2017 traria como “consequência natural e inevitável” a retomada do emprego (leia aqui). Em dezembro, diante dos sinais de queda do nível de atividade e já ciente do irrealismo dos números que vinha apresentando, lançou mão de um recurso estatístico para anunciar sem rubor que: “no último trimestre de 2017 já estaremos atingindo uma taxa anualizada de 2,8%”.

Enfim, é esse o sujeito que movido pela ambição de ser presidente da República e apoiado pelo mercado financeiro continua dando os seus pitacos irresponsáveis enquanto a economia faz água. É esse sujeito que apenas um mês atrás, às vésperas da publicação do IBC-Br indicando queda de 0,5% do PIB em maio, foi capaz de afirmar que “não há, no momento, sinais de que tenha havido reversão na trajetória de crescimento”. É esse mesmo sujeito que no dia 11 de julho disse que “o ciclo de crescimento é para valer, não é um crescimento circunstancial, baseado numa bolha de crédito (…). Ao contrário, leva ao crescimento do investimento” e, por fim, nos brindou na sexta-feira passada (21) com a afirmação de que “o importante é manter o equilíbrio fiscal, o emprego e as perspectivas de crescimento”.

Ar-ra-sô! Mas do que será que ele está falando?

Os investimentos estão no pior patamar dos últimos quinze anos, tão deprimidos que nem sequer serão capazes de cobrir a depreciação do capital; as contas fiscais estão derretendo, com perspectivas de um déficit superior a R$ 170 bilhões ao final do ano, enquanto um colapso nos serviços públicos se avizinha; o PIB per capita deverá cair 0,5% em 2017, pelo quarto ano consecutivo, e o mercado de trabalho permanece no seu pior patamar histórico, com catorze milhões de desempregados e outros 12,5 milhões de trabalhadores subocupados.

Para quem fala o Henrique Meirelles?

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