A amizade entre uma menina e uma espécie transgênica de superporco é o centro de uma série de críticas ao capitalismo comunicacional e à industria alimentícia que se desenrola no filme Okja produzido pela Netflix. O longa-metragem sul-coreano-americano foi dirigido por Joon-Ho Bong e lançado no último mês de junho. O filme é surpreendente.

O início da história mostra o projeto ambicioso de uma grande corporação produtora de carne que cria uma nova espécie de porcos geneticamente modificados. Para lançar o “produto” que oferecerá uma carne mais suculenta exigindo menos alimentação, a empresa inventa toda uma estratégia de comunicação com o objetivo de convencer os consumidores a adorarem os animais que vão se tornar um prato delicioso.

A corporação sediada nos EUA tenta fazer crer que a espécie de porco foi recém descoberta no Chile. O evento de lançamento do “produto” anuncia uma espécie de reality show em que 26 filhotes do superporco vão ser espalhados pelo mundo e cada um será criado por um fazendeiro. Somente dez anos depois a empresa vai eleger o melhor animal, o melhor fazendeiro e apresentá-los ao mundo.

Um desses animais vai parar em algum lugar remoto no meio de florestas montanhosas na Coreia. Esse porco é Okja que foi endereçado ao avô de Mikha, a garota que cria o animal como um bicho de estimação. O filme nem chega a apresentar os outros fazendeiros. Okja é eleito o melhor porco e, por esse motivo, deve ser levado para os EUA. Mikha decide impedir e acaba vivendo uma aventura entre a Coreia do Sul e os EUA, que conta com a participação de um grupo de ativistas radicais. Manifestações, laboratórios de testes perversos, fazendas que tratam animais como meras mercadorias e a morbidez dos abatedouros fazem parte desse enredo cheio de reviravoltas.

O filme utiliza um formato básico de entretenimento já visto em tantos filmes bobinhos para denunciar a forma como grandes corporações manipulam a opinião pública e distorcem completamente fatos que causem prejuízos ao capital.

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