Após a sentença proferida pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista coletiva na sede do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, com a presença da bancada federal de deputados e senadores, dirigentes do PT, militantes, membros de outros partidos e de movimentos sociais.

Além de Lula, falaram o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, o advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, e a presidenta do PT, a senadora Gleisi Hoffmann. Em sua fala, Lula enfatizou o caráter político da sentença, que ignora as provas da defesa e pretende condená-lo para criminalizar o projeto político que ele representa, e anunciou que reivindicará ao PT seu direito a ser candidato à presidência da República.

Segundo Lula, seus acusadores ficaram presos no próprio circo jurídico midiático que criaram, pois a absolvição resultaria na desmoralização pelos setores que os apoiam. A sentença e o processo não são baseados em provas, e sim em delações que premiam os corruptos, permitindo que vivam com a riqueza que roubaram: “O cara tá preso e pensa ‘to condenado a vinte anos de cadeia e tudo que tenho que falar pra escapar é que o Lula fazia parte”. Lula afirmou, no entanto, que se o objetivo é tirá-lo do jogo político, não conseguirão. “Quero dizer ao meu partido que vou reivindicar o direito de me colocar como candidato a presidente. […] Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Somente o povo brasileiro pode decretar o meu fim”.

De acordo com o advogado de defesa, Cristiano Zanin Martins, a sentença é uma peça ilegítima que despreza a lei, as provas e a Constituição, por afastar a presunção de inocência e ignorar as provas fornecidas pela defesa. Segundo o advogado, dos 962 parágrafos, apenas cinco se dedicam em analisar os argumentos apresentados pela defesa de Lula. Zanin afirmou que recorrerão às instâncias superiores contra a sentença proferida pelo juiz de primeira instância, Sergio Moro.

Segundo a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, passamos por dias tristes para o trabalhador, com o desmonte dos direitos pelo Senado Federal e a perseguição à maior liderança popular da história desse país. Apesar disso, afirmou que não é o momento de abaixar a cabeça, e sim de denunciar. A senadora também reiterou que qualquer processo eleitoral em que Lula seja impedido de ser candidato é uma fraude, e que Lula não é candidato apenas do PT, e sim de uma grande parcela do povo brasileiro. Caberá ao partido, segundo ela, trabalhar para colocá-lo novamente na presidência da República.

Em resposta à perseguição contra Lula e os trabalhadores, o presidente da CUT, Vagner Freitas, anunciou que no dia 20 de julho grandes mobilizações ocorrerão por todo o país, organizadas pelos setores do campo democrático popular e pelos movimentos sociais, reiterando a necessidade de articular o organizar os trabalhadores por todo o país.

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