No dia 2 de julho realizaram-se as eleições primárias para os partidos e coalizões partidárias com mais de uma candidatura escolherem seus candidatos para as eleições presidenciais no Chile. O pleito está marcado para ocorrer no mês de novembro deste ano. Foram realizadas primárias na coalizão de direita “Chile Vamos” vencidas por Sebastián Piñera, ex-presidente, sobre dois outros postulantes com 58,3% dos 1,4 milhões de votantes. Da mesma forma, no “Frente Amplio”, uma coalizão de esquerda formada no mês de fevereiro deste ano com a participação de dois partidos já estabelecidos, o Partido Humanista e o “Renovación Democrática” que atualmente têm três deputados federais e vários pequenos movimentos políticos. A vencedora foi Beatriz Sánches, com 67,5% dos votos em um universo de 327 mil votantes.

O “Frente Amplio” é a novidade nestas eleições, inspirado pelo “Podemos” da Espanha. Nasceu com forte embasamento nos movimentos social e estudantil que organizaram várias manifestações no Chile contra os rumos que tomaram as reformas aprovadas e as não aprovadas, como a Assembleia Nacional Constituinte, pelo governo de Michelle Bachelet cuja popularidade chegou à apenas 18% por causa disso, mas que está em recuperação atingindo hoje em torno de 30%.

Na coalizão “Nova Mayoria” – “Concertación chilena mais o Partido Comunista” – que elegeu Michelle Bachelet em 2013, não houve disputa, pois o candidato definido internamente foi o socialista Alejandro Gullier, uma vez que a “Democracia Cristiana” deixou a coalizão e lançou isoladamente a candidatura de Carolina Goic.

O candidato pela esquerda que rompeu com a “Concertación” em 2009, Marco Ominami, chegando em terceiro lugar no primeiro turno das eleições naquele ano, agora é candidato pelo “Partido Progressista” (PRO), mas enfrenta grandes obstáculos por ter aceitado viajar em um avião cedido pela OAS brasileira e também por ter seu braço direito e ex-secretário geral do PRO, Cristian Warner, envolvido no caso da “Sociedad Química y Minera”, conhecido como Sochimic ou simplesmente SQM. Trata-se da emissão de recibos pela empresa, supostamente fraudulenta, por serviços prestados por consultores. Esta emissão teria possibilitado a sonegação de impostos que foram usados para financiar atividades político-partidárias. Há 74 acusados da direita e onze da esquerda de terem se beneficiado destes recursos. A justiça chilena ainda está investigando o caso, mas a sua divulgação tem sido fatal para Ominami e ele mal atinge 2% das preferências atualmente.

As pesquisas de opinião pública atuais dão o seguinte resultado para os principais candidatos oficializados: Piñera com 25%, Guillier com 21%, Sánchez com 15%, Goic com 4% e Ominami entre 1% e 2%. No entanto, além de a campanha estar no início, o voto não é mais obrigatório no Chile e o resultado final pode diferir enormemente das pesquisas, pois a tendência será de baixo comparecimento do eleitorado, como já foi na eleição passada e nas prévias.

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