Prisão do ex-ministro Geddel reacende a crise política
O ex-ministro da Secretaria de Governo e amigo de Temer Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi preso pela Polícia Federal nesta segunda-feira, 3 de julho, em Salvador, acusado de tentar obstruir as investigações sobre liberações fraudulentas de recursos quando era vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) em troca de propinas.
Geddel era considerado o mensageiro de Temer nas negociações com o Grupo J&F em um esquema que envolvia o ex-presidente da Câmara, deputado cassado Eduardo Cunha, o operador financeiro Lúcio Funaro e o ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) “o político tem agido para atrapalhar as investigações”, evitando que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o MPF, garantindo que ambos recebam vantagens indevidas, em troca de silêncio, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.
Foram apreendidos registros de várias mensagens de Geddel à esposa de Funaro, Raquel, com a intenção de saber se Fo operador financeiro iria negociar uma delação premiada, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Além da prisão preventiva, a Justiça pediu quebra de sigilos fiscal, bancário, postal e de email do ex-ministro.
A prisão de Geddel reacende a crise política amenizada com a liberação de Rocha Loures, em 30 de junho, e ocorre no momento em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) estuda a apresentação de uma segunda denúncia contra Michel Temer pela compra do silêncio de Cunha. O planalto teme ainda possíveis investidas da PGR contra outros ministros próximos a Temer, como Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), investigados na Operação Lava Jato.
O governo não comentou a prisão e quer evitar que o caso Geddel contamine as negociações na Câmara, onde precisa se concentrar nas articulações com a base para conseguir os 171 votos necessários para barrar a denúncia contra corrupção passiva apresentada por Janot. Governo e aliados dizem ter maioria na Câmara para barrar a votação do pedido de denúncia do procurador-geral da República, mas o clima é de incerteza. Até o momento o governo conta com trinta votos, entre os 66 integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), 21 estão indecisos e devem votar contra Temer. Dos sete integrantes do PSDB na CCJ, cinco devem votar contra Temer.
Nenhuma bancada entre os dez principais partidos da base aliada do governo fechou apoio a Temer e o próprio PMDB, partido de Michel Temer, com 63 deputados federais na Câmara, decidiu na segunda-feira que não vai fechar questão sobre a denúncia contra Temer. Segundo Romero Jucá, (PMDB-RR), líder do governo no Senado, essa não é uma questão partidária, é uma questão de foro íntimo de julgamento.