A distopia de The Handmaid’s Tale causa polêmica
O que aconteceria se o extremo conservadorismo, pautado por ideais religiosos, tomasse o poder do Estado mais poderoso do mundo e impusesse uma ditadura? É isso que a nova série do serviço de streaming Hulu, The Handmaid’s Tale busca responder. Criada por Bruce Miller, que foi também produtor da famosa série The 100, estreou em abril deste ano e já causa polêmica por suas cenas cruas e de teor crítico.
Durante a história, acompanhamos a vida de June, uma mulher que ora aparece em flashbacks, com uma vida normal, trabalhando numa editora, casada e com uma filha, ora é mostrada como uma “Aia” – classe de mulheres que são utilizadas, no “novo país”, somente para a reprodução. Entre o tempo presente da série e os flashbacks nos é explicado como os Estados Unidos se tornaram uma ditadura fundamentalista, machista e homofóbica.
No universo do seriado, ocorre um surto de infertilidade e, com isso, baixa a taxa de natalidade. Por enquanto, não é exposto como isto aconteceu. Um número grande de conservadores, que se intitulam “Os Filhos de Jacó”, começam a culpar somente as mulheres (sendo que os homens também sofrem com o problema), falando que a “promiscuidade” e os avanços conquistados por estas estariam sendo punidos com uma praga de Deus.
Estes conservadores, que já ocupavam cargos nas instituições políticas, planejam a tomada de poder do Estado. Para isso, simularam vários ataques terroristas e desestabilizam o governo. Declararam Estado de Exceção e começaram a modificar leis. É interessante que, durante este processo, uma das cenas mostra como as pessoas não se preocuparam e não se mobilizaram e, quando se deram conta da seriedade do que ocorria, era tarde demais. Inclusive, num desses protestos tardios, June aparece numa marcha de um coletivo feminista que é brutalmente reprimida pela polícia.
Quando terminam de consolidar seu poder, as mulheres já não têm mais voz, não podem ler nem sair desacompanhadas. São dividas em três classes: as esposas dos comandantes (os que realizaram o golpe), as Aias (mulheres que são férteis e mandadas para a casa dos comandantes para engravidarem destes) e as Marthas que são, basicamente, empregadas domésticas.
Os Estados Unidos passam a se chamar República de Gilead. Lugar altamente patrulhado, onde os gays são enforcados em público e as mulheres lésbicas sofrem ablação do clitóris. Em alguns momentos, aparece como isso repercutiu no âmbito internacional: a Organização das Nações Unidas aplica sanções econômicas contra o novo país, e o Canadá, onde está grande parte dos refugiados, realiza medidas para acolher essas pessoas.
Ao assistir à série, é difícil não pensar que, com a chegada de Donald Trump à presidência dos EUA e Bolsonaro crescendo nas pesquisas aqui no Brasil, talvez a realidade esteja querendo imitar a ficção.
Assista ao trailer.