Crise, investimento e amor ao dinheiro
A teoria keynesiana colocou o investimento como variável determinante da economia, o que significa dizer que para viabilizar o crescimento econômico de uma nação é necessário garantir os níveis de investimentos privados ou públicos. Acontece que em momentos de crise econômica, como esse que estamos vivendo, os capitalistas são obrigados a conviver com incertezas em relação ao futuro, optando pela liquidez ao invés do investimento, uma vez que são movidos pelo amor ao dinheiro.
A Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp), elaborada pela Fundação Seade, acompanha os anúncios de investimentos produtivos de empresas veiculados na imprensa, fornecendo informações que auxiliam a identificação de tendências setoriais e regionais da economia paulista. E como anda a perspectiva de investimento dos empresários paulistas? A grosso modo, nada boa. O resultado encontrado foi o menor nível de investimento de desde de 1998 – início da série histórica da pesquisa.
Os 401 investimentos mapeados pela pesquisa somaram US$ 8 bilhões em 2016. Apesar do setor de infraestrutura possuir a maior parcela de recursos (US$ 3 bilhões), vem passando por diminuição nos investimentos em relação a períodos anteriores, fato que indica uma certa desestruturação do setor, principalmente após as investigações no âmbito da Operação Lava Jato sobre as principais empreiteiras que atuam no país em projetos de transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações.
Entre os principais anúncios de investimento em infraestrutura destaca-se os US$ 2, 5 bilhões da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para aprimoramento do abastecimento de água e da coleta e tratamento de esgoto no período 2016-2020. No setor de serviços, merece destaque o Parque Coorporativo Bresco Viracopos, em Campinas, correspondente a US$ 522,1 milhões. O setor industrial somou US$ 1,4 bilhão de novos investimentos no estado de São Paulo, sendo a atividade de veículos automotores responsável por US$ 384,2 milhões. No comércio, do total de investimentos anunciados foram de US$ 157, 5 milhões, sendo relevante o investimento argentino por meio da empresa Mercado Livre na implementação de sua nova sede em Osasco/SP (U$ 32,7 milhões).
A pesquisa conclui que houve queda nos investimentos privados paulistas em relação aos anos anteriores. Então qual seria a solução para retomar o crescimento econômico em momentos de crise? Pois bem, em momentos de incerteza, no qual o setor privado opta pela liquidez, é necessário que o setor público se faça presente, aumentando sua participação por meio de aumento de seus gastos, redução das taxas de juros e fomento a expansão do crédito.
Ao que me parece, nenhum desses mecanismos vem sendo utilizado pelo receituário da equipe econômica do governo golpista de Temer. Isso vem resultando em aprofundamento da crise econômica no país sem qualquer perspectiva de recuperação dos níveis de emprego e renda, além disso caminha paralelo a um cenário de reformas que buscam a retirada de direitos sociais dos que mais precisam.