A saída dos EUA do Acordo de Paris
Na quinta-feira (1/6) o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, anunciou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015 por 195 países para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa e, assim, combater o aquecimento global. Com o espaço deixado pela saída, outros países, empresas e cidades norte-americanas assumiram o compromisso de honrar o acordo, embora consigam reduzir em apenas 16% o compromisso original dos Estados Unidos.
O principal argumento de Trump para tal decisão foi manter os níveis de emprego, já que, em sua concepção, o acordo iria prejudicar a produção dos EUA na concorrência com outras nações. Em outras palavras: para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, seria necessário diminuir o crescimento econômico ou encarecer o modo de produção. Porém, o presidente ignora que os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre maiores poluidores da atmosfera, além de terem uma dívida ambiental histórica, já que seu desenvolvimento se deu às custas de muitos danos ao meio ambiente, numa época que ainda não era discutido o aquecimento global.
Diante disso, no quesito de emissões de poluentes, a China já reforçou seu compromisso com o acordo, junto com a União Europeia (UE). Inclusive, a deliberação de Trump não foi bem recebida pelos líderes da França, Emmanuel Macron, e da Alemanha, Angela Merkel – o eixo principal da UE. Eles já fizeram pronunciamentos críticos à saída dos EUA e reafirmaram que vão continuar a honrar o acordo. Até mesmo o Brasil, que, após o golpe, tendeu a um maior alinhamento com os EUA, demonstrou preocupação e decepção com o anúncio.
Além do isolamento no cenário internacional, no âmbito doméstico parece que a decisão de Trump não foi consensual. Dias após a decisão, governadores, prefeitos, colégios, universidades e empresas como, por exemplo, o Facebook, a Apple e a Yahoo anunciaram o movimento We Are Still In, em uma carta aberta na qual declaram que permanecerão apoiando o compromisso com o acordo. Quando Trump, durante seu pronunciamento, disse que estaria representando os cidadãos de Pittsburgh e não de Paris, o prefeito de Pittsburgh disse que também iria seguir as disposições do acordo e relembrou o passado poluidor da cidade, quando um grande número de siderurgias operavam na região.