Diretas Já: novos traços da resistência popular
Pelo menos 50 mil pessoas se reuniram em São Paulo para pedir a saída imediata de Temer e a realização de eleições diretas para decidir quem presidirá o Brasil. Dessa vez, o ato convocado por artistas teve um público diferente, com pessoas que não vinham participando das manifestações e aumentou ainda mais a pressão contra o governo ilegítimo.
Em mais de sete horas de intervenções artísticas, shows e manifestações políticas, artistas da música, do teatro, do cinema, das artes cênicas reuniram uma multidão no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo no domingo, 4 de junho. Um ato que foi marcado pela diversidade do público, que do samba ao rap aproveitou um belo dia de sol na capital paulistana para gritar Fora Temer e Diretas Já.
A exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro, o ato foi extremamente pacífico, sem confrontos e, com muita música e marcou mais um passo da resistência contra o golpe. Se é verdade que, dessa vez, os representantes dos partidos, dos movimentos sociais e dos sindicatos não estiveram a frente da manifestação, também é verdade que o conteúdo politizado das razões que levaram ao evento foi evidente.
De modo geral, as intervenções foram marcadas por uma razão comum: a defesa da retomada democrática do Brasil. O público que acompanhou por horas o ato foi diferente dessa vez. Vários parlamentares, lideranças políticas, jovens, crianças e famílias acompanharam, do chão do Largo, falas muito consistentes contra o governo ilegítimo, e o pedido uníssono de eleições diretas para retomar o Brasil.
Diversos artistas também se manifestaram contra as reformas dos golpistas, defenderam a juventude negra e periférica, o direito das mulheres, da população LGBT, e marcaram, com muita arte, uma manifestação interseccional. Essas características, diferentes dos atos que vimos em São Paulo até agora não apontam para uma diluição da pauta que vem dando o tom da resistência, mas sim para linguagens e debates que podem agregar e aumentar.
É preciso apostar nas novas linguagens, e na somatória dessas linguagens com as articulações políticas do campo democrático e popular. A narrativa dos atos é extremamente similar, apesar do público ser em boa parte diferente. Os partidos, sindicatos e movimentos sociais assistiram, do meio do público, outras pessoas somando seus discursos e mobilizações, e esse pode ser o divisor de águas do sucesso desse processo.
Os próximos dias serão decisivos para o futuro do Brasil. Há notícias de um grande ato das mulheres contra as reformas, pelo Fora Temer e pelas Diretas Já, em São Paulo nos próximos dias. As centrais sindicais e a Frente Brasil Popular já preparam mais uma greve geral e mais uma marcha para Brasília. Se os golpistas não nos entendem, nós explicaremos pra eles.