Terceirização pesa mais para o lado mais fraco da balança
Em meio ao debate sobre terceirização no país, o sociólogo André Gambier Campos elaborou o estudo Impactos da terceirização sobre a remuneração do trabalho no Brasil: novas evidências para o debate. O texto para discussão publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançado em outubro de 2016, buscou mensurar a quantidade e a remuneração dos trabalhadores assalariados terceirizados.
No caso da terceirização, na qual o empregado trabalha para um estabelecimento (nomeado contratante), mas todos os direitos ligados ao seu trabalho estão relacionados a outro – um estabelecimento intermediário (chamado contratado) – foi estimado pelo estudo 4,02 milhões de trabalhadores com probabilidade de serem terceirizados no Brasil, que correspondem a 11,7% do total de assalariados do setor privado urbano.
Ao comparar a remuneração dos assalariados diretos e da estimativa de terceirizados, percebe-se que há variação negativa de 11,5% da remuneração desfavorável aos terceirizados. Ao destacar algumas categorias ocupacionais notou-se grandes disparidades entre terceirizados e trabalhadores assalariados diretos: vendedores (redução de 49% na remuneração, somente por conta da terceirização), cozinheiros (18,4%), assistentes administrativos (17,8%), serventes de obras (16,8%), auxiliares de escritório (13,9%), motoristas de caminhão (12,2%), trabalhadores da limpeza pública (11,6%) e recepcionistas (11,5%).
Conclui-se com os resultados estimados pelo estudo que a terceirização é extremamente prejudicial aos trabalhadores. Ao considerar o processo de luta de classes, a terceirização parece beneficiar apenas os donos dos meios de produção, colocando em situação desfavorável aqueles indivíduos que possuem apenas sua força de trabalho para vender.