Congresso do PT destaca importância da unidade e rechaça eleição indireta
A unidade dos movimentos sociais para derrubar Temer e retomar o projeto democrático no país deu o tom dos discursos das lideranças de organizações sociais e representantes de partidos políticos que participaram ontem, 1º de junho, da abertura do 6º Congresso Nacional do PT – Marisa Letícia da Silva, em Brasília.
Estiveram presentes os ex-presidentes da República Lula e Dilma Rousseff, que enfatizaram a importância de rechaçar qualquer proposta de eleição indireta no Brasil, pois só a legitimidade do voto pode criar condições para superar a crise atual.
A ex-presidenta Dilma disse que o Congresso reflete a consciência do PT sobre a importância das mulheres na política ao homenagear Marisa. “O PT permitiu ao povo brasileiro eleger a primeira mulher presidenta do Brasil. O século 21 vai ser da participação das mulheres na política”.
O presidente Lula prestou homenagem a Antonio Candido, que mencionou como o mais importante intelectual brasileiro, falecido recentemente. “Antonio Candido sempre esteve do nosso lado e nunca hesitou em defender o Partido dos Trabalhadores”, disse. E fez um apelo para os delegados, protagonistas deste momento que dará as diretrizes ao PT para enfrentar os desafios de retomada da democracia no Brasil.
“Peço que vocês não falem para si mesmos, e sim para os milhões de homens e mulheres que não estão aqui e que precisam que o PT tenha propostas coerentes para despertar a esperança no povo. Precisamos ter capacidade de falar com milhões e de definir o que queremos e pensamos para o Brasil”.
Lula destacou que o PT é o único partido de abrangência nacional e falou sobre a necessidade de dialogar com os grupos que são vítimas de violência. “Temos de pensar o que queremos para os índios que estão sendo assassinados, nossa relação com os negros e quilomblas, com as mulheres, com as pessoas LGBT. Pois são eles que nos dão sustentação nos momentos mais difíceis”.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse que o Congresso ocorre no momento em que a sociedade brasileira mais precisa do Partido dos Trabalhadores. “O PT surgiu da rua, da luta do movimento social, para enfrentar as elites e construir uma sociedade diferente da que temos hoje, para propor um Estado que seja para todos e não apenas voltado aos interesses de 15% da população.” E destacou que o golpe foi dado para acabar com os direitos da classe trabalhadora, pois isso não seria possível em uma democracia.
A presidenta da União Nacional dos Estadantes (UNE), Carina Vitral, afirmou que o país viveu uma ruptura política porque as elites nunca aceitaram as mudanças que o Partido dos Trabalhadores, em conjunto com seus aliados, promoveu na sociedade, e portanto querem acabar com elas. “Na educação os reflexos são muito concretos. Mudamos a composição social da universidade brasileira. Hoje o preto, o pobre, o camponês e o indígena podem entrar na universidade, porque houve democratização do acesso”. E concluiu: “Por isso nós, da UNE, em conjunto com as frentes populares e outras organizações sociais, engrossamos o canto das diretas já, que vai unificar a sociedade brasileira a partir de agora”.
O integrante da coordenação nacional do Movimento Sem Terra (MST) Alexandre Conceição dedicou sua fala a Marisa Letícia, “covardemente humilhada pelos protagonistas do golpe e pela mídia”. “Na luta contra os golpistas, as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo contruíram um programa. Estamos aqui para que o PT, neste congresso, discuta e incorpore esse projeto popular para o Brasil e para que tenhamos unidade na luta política: Fora Temer e Diretas Já”.