Em sua primeira viagem internacional, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, mostrou mais uma vez seu lado polêmico e a dissonância de sua política externa em relação aos seus principais aliados europeus. Passando por Arábia Saudita, Israel, Bélgica, Itália e Vaticano, Trump deu declarações e realizou ações que não foram bem recebidas por uma parte considerável do Ocidente.

Começando pelo território saudita e por Israel – seus tradicionais e mais fortes parceiros no Oriente Médio -, Trump deu indícios de retomada de uma posição dura frente ao Irã. Na Arábia Saudita, fez o que foi nomeado como maior acordo de vendas de armas da história e, em Israel, foi o primeiro presidente estadunidense a visitar o Muro das Lamentações, lugar sagrado para os judeus que está em território em conflito.

Em Bruxelas, onde desembarcou para a reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), deu declarações que deixaram os europeus com receio. A Otan foi bastante questionada por Trump durante a corrida eleitoral, sendo considerada por ele algo obsoleto. No encontro, reforçou que 23 dos 28 países membros não pagam o combinado para a Organização. Ademais, o discurso não passou confiança sobre o comprometimento dos Estados Unidos com a Organização, ainda mais em um cenário no qual Trump mostrou-se amigável à Vladimir Putin.

No Vaticano ilustrou um encontro, digamos, estranho com o atual Papa Francisco que se mostrou em diversas fotos desconfortável com a presença de Trump. Os dois estão em posições opostas em vários temas, entre eles a imigração. Enquanto o Papa apoia movimentos pró-imigrantes e o acolhimento de refugiados, Trump elegeu-se com discurso xenófobo – quem não se lembra da proposta de construção de um muro entre o México e os Estados Unidos?

Já na cidade italiana de Taormina, onde ocorreu o encontro anual dos líderes dos países do G7, fez suas falas mais controversas. Aconselhou os participantes da reunião a pararem de exportar para os Estados Unidos e, quando questionado sobre o Acordo de Paris, disse que iria dar sua resposta em uma semana. Vale lembrar que tal Acordo, já aprovado por 195 países, procura reduzir as emissões de gases de efeito estufa e que um dos pontos mais atacados por Trump foi, justamente, a questão climática. Trump chegou inclusive a dizer que o aquecimento global era uma farsa. No fim, o documento final modesto não avançou em outros pontos-chave como, por exemplo, a imigração.

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