O PIB brasileiro cresceu exatos 1% neste primeiro trimestre de 2017. Trata-se de uma boa notícia, já que vínhamos de oito trimestres de quedas consecutivas. Mas a análise pormenorizada dos números revela alguns problemas ainda bastante sérios.

Em primeiro lugar, conforme já vinha sendo antecipado pelos analistas, o refresco do PIB nestes três primeiros meses do ano deveu-se fundamentalmente ao fortíssimo avanço da produção agropecuária, a qual cresceu extraordinários 13,4% em relação ao último trimestre de 2016. Embora esse seja um dado positivo, é preciso lembrar que as atividades da agropecuária têm baixa capacidade de arrasto dos demais setores econômicos, seja porque não demandam volumes significativos de bens e serviços de maior valor agregado, seja porque empregam poucos trabalhadores, a maioria deles com baixos salários.

Já os desempenhos da produção industrial (0,9%) e do setor de serviços (0,0%) foram bem menos animadores, embora também apontem para o fim da queda livre que vínhamos assistindo desde o início de 2015. A modesta recuperação da indústria manufatureira é um fato relevante, já que esse setor representa o mais delicado e estratégico segmento da produção nacional, porém, cabe notar que seu crescimento se deu por meio da ocupação da enorme capacidade ociosa.

Por seu turno, a estagnação das atividades nos serviços, onde se concentram quase 80% dos trabalhadores ocupados no Brasil, é um indicativo bastante ruim, na medida em que não aponta para um horizonte de recuperação do mercado de trabalho capaz de reverter o grave quadro de desemprego que se alastra pelo país.

Mas é quando se observam os números do PIB trimestral pela ótica da demanda que desponta o dado mais preocupante: apesar da mencionada recuperação da indústria, os investimentos caíram 1,6% neste primeiro trimestre de 2017 em relação ao trimestre imediatamente anterior, derrubando a participação dos investimentos no PIB para 15,6%, isto é, a taxa mais baixa registrada desde 1995. Considerando que esse é o principal indicador do metabolismo econômico de um país –  na medida em que captura o efetivo comprometimento do setor capitalista com a expansão da capacidade produtiva nacional – resta observar que, a despeito do alívio temporário proporcionado pelas condições favoráveis à produção agrícola, a situação econômica ainda é gravíssima e assim deverá permanecer ao longo do ano.

Veja os dados detalhados em Contas Trimestrais do IBGE

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