Em texto para discussão do Instituto de Economia da Unicamp (A política social e os limites do experimento desenvolvimentista (2003-2014)), André Calixtre e Eduardo Fagnani fazem uma estimativa dos beneficiários diretos e indiretos da Seguridade Social, com dados de dezembro de 2015. Segundo os autores, pode-se estimar que a Seguridade Social beneficiou 40,2 milhões de famílias e que, indiretamente, ela beneficiou outras 100,5 milhões de pessoas (demais membros da família). Dessa forma, direta e indiretamente, ela transferiu renda para 140,6 milhões de indivíduos, o que transforma a Seguridade Social brasileira em um dos maiores e mais bem-sucedido programa de proteção social de países não desenvolvidos.

Se os autores apontam aspectos positivos do gasto com Seguridade Social, por seu efeito redistributivo, também apontam o baixo efeito multiplicador do gasto com juros da dívida pública, que pode ser consultado na tabela abaixo, retirada da publicação.

Os dados retirados da publicação comprovam que, para a geração de crescimento econômico, renda e emprego, é mais produtivo realizar gastos sociais em geral (em especial gastos com Seguridade Social, com grande impacto social), do que realizar gastos com juros, o que tem sido o contrário do praticado atualmente: o teto dos gastos públicos se refere aos gastos primários, ou seja, não colocando limites para os gastos com juros do governo central, sendo que o Brasil paga uma das taxas de juros mais altas do mundo. Por outro lado, se quer fazer crer que a Seguridade Social, em especial a Previdência, atinge a poucos e sua reforma, como tem sido proposta, não terá impactos nefastos na distribuição de renda no país.

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